Abriu a porta da vida e deixou o vento entrar para brincar com seus cabelos, aquele inverno que sua pele arrepiada anunciava não fazia ela recuar diante das dificuldades e possíveis pedras no caminho que iria começar a trilhar.
- Sentir o vento nos ossos me faz lembrar que faço parte desse mundo e estou viva.
Caminhou até o quintal de pés descalços, um casaco simples por cima da camisola e um sorriso gigantesco em sua alma.
- Porque a alma também se excita quando sente-se feliz.
Todos os pequenos detalhes do seu quintal de concreto pareciam terrivelmente belos, de uma beleza simples que seus olhos, antes cegos pela dor, não conseguiam perceber.
- O mundo passa a fazer sentido quando encontramos motivos para sorrir.
Entrou dentro da casa e começou a separar as roupas que iria lavar. No meio de tantas outras encontrou a roupa que tinha usado na noite anterior.
- Seu cheiro... Queria ter mais dele em mim...
Quase desistiu de lavar aquela peça, sempre achou que os perfumes dos bons momentos deviam ser preservados como medalhas imaginárias obtidas por mérito.
- Besteira, enquanto eu puder (e quiser) me lembrar não há motivos para me apegar a pequenos detalhes.
Enquanto estendia as roupas já lavadas no varal, viu uma criança que brincava ao longe com alguns balões e pensou:
- Sinto que sou como aquela criança, tenho várias cores e possibilidades de ser feliz em mãos e pretendo segurar todas as cores com a mesma determinação de quem caminha com olhos bem abertos em direção ao sol.
Sentir é isso, uma infinidade de imagens e pensamentos simples que ultrapassam o frio de qualquer estação.
2 comentários:
"Sentir é isso, uma infinidade de imagens e pensamentos simples que ultrapassam o frio de qualquer estação"
te entendo perfeitamente...
tô tão assim...!
tão leve, tão feliz, tão eu!
lindo texto.
bjo
Gosto das várias possibilidades de ser feliz... sempre. Ainda mais agora...
Kisu!
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