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terça-feira, abril 29, 2008

Desafio



Uma folha em branco pode render-me um conto, um poema, uma crônica que o falha.

As pessoas que me fitam com seus olhos de águia a espera do meu próximo erro são o ponto fraco de minha existência.

Por que as pessoas não podiam ser todas assim como um poema, todas profundas e cheias de sentimento? Mas elas preferem ser conto, daqueles com começo, meio e fim. Ninguém ousa viver mais do que a própria humanidade lhes permite. Todos querem fazer parte do meu grande juri popular.

Entre problemas com o escuro, olhos inquisidores, sinto-me desolado, terrivel, horrivel...

Pudera alguém, em meio a essa gente me fitar com o coração?

A resposta vem da menina que eu não vejo, mas me fita, com sua saia cor de palha, natural como uma brisa, com sorriso ela me aprova e com os olhos vem me dizer.

- Meu caro poeta, pegue a pena e vá escrever. Seu maior palco é seu coração, e nele você sempre irá brilhar.

A Edson Bueno de Camargo poeta que não conheço, mas adimiro.

terça-feira, abril 22, 2008

Paredes


Vivia sozinho, seu mundo limitava-se ao espaço do seu quarto. Lá dentro ele era quem gostava de ser, ele era tudo o que podia ser e sua única janela para o mundo era a tela de um computador.
Pelo visor conhecia as cidades que desejava visitar, as garotas que desejava amar, a vida que desejava ter e não tinha.
Quando saia da sua proteção, utilizava uma quantidade enorme de disfarces, sempre com a mascara mais conveniente para a ocasião.
Mais seus olhos, que olhos eram aqueles, tão belos e tão tristes, escondiam uma tal melancolia de alma jogada dentro de um poço.
Será que não precisava de ajuda?
Não, é tolo tentar, ele não reclama, não reage, apenas foge, nada além.
Sentia tudo a flor da pele, mas nada era verdadeiro, todas as sensações que experimentava, eram disfarces de um frieza de coração e de vida.
Como ninguém nunca teve a coragem de dizer-lhe: EU TE AMO?

-Me dá sua mão, se você está dentro de um poço, eu te seguro até você subir.
- Não, não se aproxime de mim.
- Tarde demais, já me apaixonei por ti.

Garoto triste, sei que vais conseguir um dia enxergar além do que pode se ver, o teu caminho é de subida, só temo por saber que quando estiveres no topo, não mais estarei com você. Sou apenas a escada que se posicionada na tua janela lhe oferta outros caminhos e mundos a conhecer.
E ele já não é mais pequeno, és todo homem e frio, frio como um homem deve ser. Calcula, planeja, se ocupa, descansa e foge. A única coisa de menino que lhe restou foram as fugas, desaparece da vida que tem, pra fingir que nada de ruim lhe ocorreu. Some sempre quando eu desejo deitar-lhe em minhas pernas e dizer-lhe:
- Não tenha medo, sempre estarei contigo.
Mesmo sendo uam grande mentira é sempre tão bom se enganar, quando o assunto é o amor.
O homem saiu de sua caverna e tornou-se grande, a escuridão de seus olhos agora fere a minha alma, pois atraves deles vejo paredes que dizem o tempo inteiro que devo manter distância.
Obedientemente, volto para o meu posto de espera, quando o menino precisar eu estarei aqui, eu sempre estarei no mesmo lugar de braços abertos.
Mentira...
Hoje a muralha ergueu-se entre nós e entre mortos e feridos caminho para um lado, enquanto você sabiamente foge de mim em outra direção.
ADEUS MEU GRANDE AMOR, FOI BOM ENQUANTO DUROU.
Será que você alguma vez existiu?

Pro dia Nascer Feliz

- Eu preciso de dinheiro, agora.
- Eu queria dormir até tarde.
- Café da manhã na cama.
- Telefone pela madrugada.
- Eu preciso trabalhar.
- Eu preciso correr.
- Tenho uma vital necessidade de viver.....

Para amanhecer para um mundo de impossibilidades e desejos, só precisava ter asas, para que com elas eu pudesse voar sobre o céu das coisas possíveis e pousar no teu colo num abraço.

sábado, abril 05, 2008

Invisivel

- Quando as pessoas passam por você e não te enxergam o que você faz?

- Normalmente olho pra frente e continuo a andar.

- Pois você deveria gritar com elas, não há nesse mundo pesadelo maior do que o de ser e não existir.

- Filosofia de boteco.

- Não diria isso, apenas creio na importância de se importar.

- Nem todos valem a pena.

- Mas como saber se não valem a pena se desconhecemos o que está a nossa frente?

- Bobagem, eu vou embora.



Em seu coração a enfermeira pensava: Morra sozinho, velho miserável e senil.

Foi até o vestiário, tirou seu uniforme, colocou uma bela roupa e caminhou em direção a saída, não via a hora de voltar ao mundo que vale a pena.

Quando estava indo em direção ao ponto notou que o ônibus que deveria pegar vinha vindo, começou a correr, chegou a tempo de dar o sinal, porém o ônibus continuo seu trajeto sem se importar.

- Motorista cretino, agora tenho que esperar.

Esperou o segundo, o terceiro, o quarto, vários ônibus fizeram a mesma coisa com ela, tanto que não mais suportando a situação, começou a caminhar, decidiu que iria andando até certo ponto, depois pegaria um outro ônibus com sorte.

Fazia uma tarde bonita aquele dia, não seria dificil a caminhada. Admirou por um instante um passaro que cantava livre em um árvore, passou por um rapaz bonito que lia sentado num banco de praça tento sorrir ao moço, mas distraido ele não percebeu sua presença.

- Realmente, não estou com sorte hoje

Coisa mais estranha, de repente, ela notou que andava no meio de uma multidão imensa que parecia ultrapassar seu corpo, pois eles passavam por ela com quem atravessa uma barreira de poeira. Neste momento ela começou a entrar em desespero, pulava, cantava, tentava esbarrar nas pessoas que não a viam.

Um desespero imenso tomou conta do seu ser, a mulher,lembando-se do velho, olhou para o céu e deu um grito, neste momento não notara que estava no meio da rua e que um carro se aproximava. Só deu tempo de fechar os olhos e entregar-se ao destino.

Acordou dois meses depois, completamente sozinha, na UTI de um hospital, com raras visitas de uma enfermeira impaciente.