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segunda-feira, dezembro 15, 2014

Ausência

Já disse isso mais de uma vez, mas parir é como ser mutilada, depois de horas de dor nos despedimos de uma parte tão bonita da gente que nunca mais vai nos pertencer. Ser mãe é um eterno aprender a perder e se orgulhar por isso.
Mesmo tendo essa consciência não deixo de sentir a falta que meu filho me faz quando não esta ao meu lado, um pouco do que sou fica de luto toda vez que preciso ficar longe dele. Contudo abro as portas para que ele sempre possa transitar por mundos diferentes, passando por experiências das quais eu não posso priva-lo, pois isso não seria amor, apenas o puro e sincero egoismo materno que algumas mães nunca conseguem superar e por isso temos a impressão de que alguns filhos nunca crescem.
Mas meu filho vai crescer, vai ser o melhor homem que ele puder, disso eu tenho certeza, pois é por isso que luto para que ele possa ser o que queira sem a marca da minha doce e singela arrogância materna de achar que eu sou o bastante para ele.
A única coisa que sempre peço e para que ele nunca sofra antes da hora de sofrer, pois não me iludo com uma vida sem sofrimento para os que amam, afinal, a vida é cheia de pedras e são as formas que escolhemos para superar elas que faz com que nos tornemos as pessoas que escolhemos ser. 
Essa ausência que sinto, com os olhos grudados ao relógio apenas simbolizam o grande amor e necessidade que tenho de estar ao lado do meu filho, dividindo momentos e a vida com ele, pois desde o dia em que seus pequenos olhos me olharam pela primeira vez, tive a nítida certeza que iria querer estar ao lado dele por toda minha vida. 
Logo essa ausência na verdade somente é a presença que nunca vai me abandonar, visto que és parte de mim.

Entre Livros


Em memória de Edson Bueno de Camargo

Onde mora a memória do poeta? Quando ele se vai podemos encontra-lo em suas letras, perdida entre livros tua essência que sempre e tão bem me encantou. Entre livros numa biblioteca a certeza de que quando a saudade apertar naquele espaço eu sempre vou lhe encontrar.
Lembro do dia em que te conheci, tinha então quinze anos e toda energia do mundo, estava triste na porta de uma biblioteca ouvindo musica numa tristeza que mal cabia em mim. Vi você se aproximando e depois que passastes por mim fiz a seguinte obsevação:
- Esse pensa que é Fernando Pessoa, com esse chápeu preto ridiculamente grande. - ri com meu amigo e voltamos a ouvir musica.
Mas foi naquele sarau que, mesmo em meio a tantas poesias, escolhestes logo a minha para elogiar. Aquele ato mudou algo dentro de mim, me envergonhei de ter pensado mau de ti, e mesmo decidida a nunca mais escrever poesias, prometi que nunca deixaria de escrever.

Quantos anos se passaram, me vejo em meio a essa biblioteca, que pode não ser a mesma em que nos conhecemos, mas ela esta repleta de você. Decorado com tuas letras, com tuas fotos, tua presença esta no toque suave da flauta transversal que faz as lágrimas chegarem aos meus olhos. Mas a lembrança de ti é sempre boa, delicada e cheia de risadas. E naquele instante em que o pano desce e leio o seu nome na porta penso e tenho em mim a nítida certeza: Não podia existir melhor homenagem em sua memória.
Olho para o chão, minha filha pequena beija tua foto e aponta para o avô que ela sempre vai se lembrar, ergo os olhos e pela janela entram os últimos raios do sol, mais um belo por do sol na cidade de sua vida e coração, os raios iluminam teu nome na porta e uma felicidade aos poucos invade meu coração ainda triste por tua ausência, pois entre esses livros sinto tua presença e por esses caminhos mais uma vez a promessa de nunca parar de escrever, pois assim sempre estaremos juntos no meio de um sarau repleto de musica, poesia e palavras bonitas.
Obrigada por ter feito parte da história de minha vida.



quarta-feira, novembro 05, 2014

Flor Vermelha


Levo sempre comigo uma flor vermelha, em cada uma de suas pétalas deposito um sonho, desejos de um futuro melhor.
Essa flor bonita que nem todos conseguem enxergar, as vezes me fere com seus longos espinhos, mas sempre me fortalece com o seu perfume. pois tem a fragância da consciência que nunca perco.
Quando semente ela viajou até mim através do exemplo de queridos que fizeram com que a menina que nascia num tempo de esperança crescesse com o nome de alegria e com o sonho de tantos que lutaram por dias mais claros e cheios de vozes.
Tenho o dever de representar o que passou, mas de fazer vir um futuro melhor através da minha simples existência, afinal,se não fosse para crescer na esperança e evoluir que sentido teria a vida? Se voltar para trás fosse um caminho aceitável porque as setas apontariam para frente traçando o presente rumo ao futuro.
Mesmo carregando comigo algo tão bonito, não louvo meu passado, não cultuo um futuro que não seja regado ao agradecimento pelo presente momento que vivo agora, com todas as dificuldades e dores, pra frente é o meu caminho. Minhas mãos sempre estão livres para se estender a todos os companheiros que queiram me seguir no dia em que falar de flores torne-se um habito tão natural, quando dar as mãos no gesto de cumprimentar.
Se sou utópica e idealista? Certamente sou, e não poderia ser diferente, tenho em mim o espirito do poeta que mesmo sem noções de métrica ou rima, insiste em lutar pela beleza que se pode encontrar na vida.
Desejo flores em seus corações.

terça-feira, outubro 28, 2014

Ao Que Rema



 Em memória de Edson Bueno de Camargo

Através da palavra eternizada, do ideal semeado, da fé na luta que nunca acaba, podemos dar fim a uma jornada, e mesmo assim continuarmos vivos.
Um dia nos encontraremos do outro lado desse rio.

Honro a memória de quem, por amizade, me fez encontrar minha felicidade. Que os Deuses do Norte te recebam em teus braços, meu caro amigo e poeta.

quarta-feira, outubro 15, 2014

Monólogo Sobre a Educação



Quem tem coragem de se levantar e declarar-se contra a educação, ou mesmo questionar a sua importância para a nossa sociedade?
Hoje em dia esse virou mais um discurso moral, pois se alguém admite que é contra a educação de todos, esta que é garantida por lei a todo cidadão, a pessoa pode ser vista com maus olhos dentro da sociedade, por ser uma pessoa cruel. E como atualmente vivemos na sociedade da sub-celebridades onde a aparência importa mais que caráter, é um tanto perigoso levantar essa bandeira.
Mais a pergunta que faço é, o que fazem as pessoas quando olham com desprezo para uma escola publica, quando perguntam para um professor se ele só dá aula ou também trabalha? O que acontece com a pessoa considerada inteligente que decide seguir como carreira o magistério e acaba por ouvir: - Nossa, mas você é tão inteligente, porque logo professor?
Ou mesmo porque a preocupação na criação de tantos cursos técnicos enquanto não tomam nenhuma medida para que cresça a procura por cursos de licenciatura? Porque o crescente numero de mestrados profissionais em lugar do mestrado acadêmico?
Todas essas são questões que deveriam estar na pauta de preocupação de qualquer cidadão de bem que se diz no minimo politizado, e não somente agora em ano eleitoral, porque politica se faz todos os dias. porque quando ensinamos para os nossos filhos que eles devem manter uma rotina saudável de vida estamos fazendo politica. Mas isso é um outro assunto para se debater.
Gostaria de ver a profissão docente valorizada, e não falo de ganhar presente no dia dos professores, antes digo de levarem em consideração que trabalhar diretamente com o ser humano é algo deveras dificil, ainda mais numa sociedade que se esqueceu que os professores ensinam e não educam. Afinal, eu só tenho o direito de educar os meus filhos e a mim mesma ao longo da minha vida de acordo com os meus valores éticos, com o que eu entendo por moral. 
Já a troca de conhecimento, essa faço com gosto, debato sobre qualquer assunto, afinal um fato sobre os professores é que eles sempre estão dispostos a aprender, logo, se fossem mais valorizados como profissionais realmente importantes para a sociedade, eles conseguiriam exercer sua função com maior aproveitamento e qualidade para sociedade.
Mas nos tornamos pequenos empresários, dentro da sala sempre estamos preocupados com a porcentagem de fracassos que podemos obter e quanto de sucesso conseguimos alcançar, afinal, se batermos a meta ganhamos uma melhor remuneração, e assim como numa empresa esquecemos que por trás de nossos números existem pessoas que, por vezes, nunca se recuperam de seus fracassos individuais e acabam se tornando os pequenos fracassados pelos quais ninguém se responsabiliza.
Nesse dia dos professores, acima de tudo, gostaria de poder estar dentro de uma sala de aula, mas como no momento não posso, pelo menos reflito sobre minha profissão e sonho com o dia em que poderei trabalhar com o mínimo de dignidade que mereço como profissional. Espero que o espirito desse dia torne-se rotina e que todo professor possa ser lembrado como um dos profissionais mais importantes para a sociedade, mesmo que atualmente não tenhamos nem ideia de que homem queremos formar.

quinta-feira, setembro 04, 2014

O Dia em que Beijei Outra Mulher

Não me envergonho, admito, beijei mesmo ela e não tinha como ser diferente, ela me encantava de tal maneira que só dizer o quanto gostava dela não seria o suficiente.
Ela me encanta de tantas formas, que eu não podia deixar de demonstrar o quanto a queria sempre perto de mim. Seus olhos sempre encantadoramente claros e sinceros, sua boca delicada, dona do sorriso mais lindo que já vi na minha vida, cabelos negros como a noite mais bonita de luar. Como eu poderia ao menos, não pensar, na hipótese de lhe beijar?
Além de toda sua beleza, havia também a louca admiração que eu sentia por aquela mulher que era tão guerreira e tão simples em seus atos, meu encanto por ela, ao longo dos anos em que a conheci foram gradualmente aumentando como sempre acontece nos grandes casos de amor a primeira vista. Por ela eu era platônica, romântica, exageradamente apaixonada. Como não encontrar em seus braços a calma e paz que eu precisava em horas de aflição. Como não desejar beija-la quando tudo o que ela fazia era me encantar, dia após dia, me levando a admira-la e seguir como exemplo de força e vida. Aquela encantadora mulher-menina não podia ter nada além do meu amor. foi por isso que no dia do seu aniversário, fui ao seu encontro, bati em sua porta, ela me sorrio tão lindamente que não pude me conter e foi nesse momento, tão docemente que a beijei...
Um beijo de amor no rosto de minha mãe, a mulher mais encantadora que já fez parte da minha vida, desde os meus tempos de menina, até os dias de hoje como mulher, tudo o que posso fazer é aplaudi-la de pé, por ser tão simplesmente a pessoa que ela é: MINHA MÂE.


quarta-feira, setembro 03, 2014

Bagunça Encantada


Foto:acervo próprio

E de repente, a casa fica de pernas para o ar, brinquedos jogados pelo canto, papel espalhado no chão, jogos de vídeo game no sofá, cama sempre por arrumar... 
A mãe vem logo dizendo: - Hoje o dia vai ser longo, vou colocar tudo em ordem, mais depois de cinco minutos a desordem acompanhada de muitos risos e o som de crianças felizes pela casa.
A mamadeira que caiu no chão, o resto de leite com chocolate na pia juntando formiga, a mesa da cozinha como deposito de tranqueira, pois lá se escondem todos os objetos deixados ou afastados dos olhos curiosos de um bebê.
 A mãe já não sabe o que fazer para manter a ordem em meio essa imensa desordem. Enquanto isso, vamos pular no sofá enquanto rola o jogo na televisão,espalhar sapatos pela casa, para na hora do passeio nunca encontrar um par inteiro e é sempre aquela confusão: - Jurava que estava aqui? 
Mas não está, as coisas nunca estão onde deveriam, nem na sala, nem no quarto, nem na cozinha, nem o banheiro escapa de meias e cuecas jogadas pelos cantos e eu sempre afirmando: - Um dia vou enlouquecer.
Contudo, se alguém me perguntar como anda minha vida, vou responder sem muito pensar: -Mais ajeitada do que nunca, em ordem como eu sempre quis.
Afinal, todo esse caos é temporário, toda necessidade por uma boa brincadeira não passa de um momento necessário na vida das crianças. Sei que um dia velha, sozinha ao lado do meu companheiro, vamos olhar nossa casa sempre em ordem e perfumada e vamos nos lembrar, do tempo em que a bagunça tomava conta da casa, quando em cada canto podiamos ver rastros da alegria da infância. A tinta na parede desbotada, saudades da parede rabiscada, do berço cheio de brinquedos, dos carrinhos espalhados pela cozinha e sala.
E tudo isso vai nos fazer sorrir e lembrar, como fomos felizes e fizemos com que os nossos filhos aproveitassem uma infância onde puderam, integralmente, lembrarem o que era ser criança.

terça-feira, agosto 26, 2014

Primeiro Ano

Foto: Cecília Camargo

Hoje acordei com vontade de celebrar, afinal, há um ano atrás, nos casamos pela vontade dos nossos corações, pois essa é a união mais importante antes dos homens ou qualquer Deus em que se possa crer.
Ganhava um novo filho, casa, obrigações, rotina, vida.
Hoje tenho um casa modesta onde posso guardar e dividir meus livros, um quarto pequeno de espaço e repleto de amor, brinquedos espalhados por todos os cômodos, filmes que nos fazem querer passar a tarde abraçados no sofá.
Tenho companhia para tomar um bom chá, e por mais pesado que seja o dia e nossas rotinas, a noite sempre a mesma declaração de amor é dita ao pé do ouvido e a tua presença ao meu lado que salva m,alma da solidão noturna a qual estava acostumada.
Da minha janela consigo ver o pôr do sol mais lindo e por todas as tarde, enquanto vejo a noite chegar em mim mora  a mesma certeza de que se um dia tivesse que escolher uma nova companhia, por mil vezes escolheria você.
Com você me caso quantas vezes for preciso, no cartório ou na igreja, não importa se celebrada em português, klingon ou mando'a. A certeza é que não me canso de te amar e de declarar ao mundo que ao seu lado sou uma pessoa muito melhor. Pois minha vida começou a existir desde o dia em que, timido, você se despediu de mim no meu portão, deixando um pequeno presente, levando consigo meu coração.

" ...juntos, eu e você , criaremos guerreiros", que serão fortes, pois serão criados sabendo o que é o amor.

quinta-feira, agosto 21, 2014

Vermelho Amor

"...Me disseram que sonhar,Era ingênuo, e daí?

Nossa geração não quer sonhar,Pois que sonhe a que há de vir..."

Travessuras - Oswaldo Montenegro


Sentada com um semblante triste, olhava para ele com ar de menina perdida, pedia colo para os seus sentimentos, enquanto admirava o rosto masculino que sempre lhe trazia calma. Encarrou-o por algumas horas e não aguentando mais o silêncio daquele fim de tarde  começou a falar:
- O que aconteceu conosco? Nosso sonho não podia terminar assim... Lembro do dia em que te conheci, eramos jovens e tinhamos a ambição de mudar o mundo, torna-lo um lugar melhor para se viver. Você me ensinou a acreditar em um mundo de igualdade, onde os homens seriam todos irmãos e as crianças poderiam brincar sem medo na rua, curtindo um mundo de paz e igualdade.
Mas a vida não nos queria iguais, todos questionadores começaram a desaparecer sem deixar pistas ou palavras, e foi assim, aos dezoito anos, num tempo de silêncio, que me entreguei a você me fazendo mulher, uma mulher com o desejo de ser livre, presa apenas pelo belo sentimento que nos unia. Apanhei do meu pai fui expulsa de casa, tida como rameira perdida, agora só tinha na minha vida você e o silêncio que tanto queria nos calar. Começamos a pensa no futuro, eramos fortes para lutar pelas novas gerações, tínhamos em nós a força do novo e o desejo de igualdade.
Foi esse desejo que nos levou, naquela tarde, a cantar nas ruas de mãos dadas e peito aberto, eramos um grupo de jovens bonitos e otimistas, até que conhecemos a dura voz do silêncio que partiu com rispidez do rifle do guarda e foi parar no peito de Lilian, mulher forte, que lutava pelo futuro que carregava em seu ventre e agora jazia no chão com o futuro perdido na cor vermelha. Seu marido Carlos foi preso e levado ao DOPs, nunca mais soubemos dele, nem de suas poesias e de seus sonhos por liberdade. Seu fantasma deve vagar até hoje dentro das casas dos militares que violentaram seu futuro, mas como hoje estão velhos, fingem que seu espectro é uma corrente fria e fecham suas santas janelas protegendo-se de um reumatismo de caráter...
Foi por isso que, naquele dia, decidimos que nunca teriamos filhos, não tivemos nunca a coragem insana de nossos amigos que treinavam seus pequenos para as guerrinhas. Escolhemos lutar pelo novo, sem deixar o novo vir por intermédio da nossa união. Nossos herdeiros seriam todos os jovens do futuro que teriam uma vida de liberdade para gozar no futuro.
Não me arrependo das minhas lutas e escolhas, mas como gostaria, só por hoje, de ter ao meu lado um alguém que tivesse o teu sorriso, onde eu reconhecesse um pouco de você, para não me sentir tão sozinha quanto me sinto agora. Isso não é uma reclamação, meu caro companheiro, camarada, irmão.... Ao teu lado sempre fui feliz, mas dentre todas as batalhas pelas quais lutei, essa é uma para a qual eu não estava preparada, ficar sem você.
Sentiu uma mão em seu ombro, era o coveiro que lhe falava: - Posso fechar o caixão?
Ela apenas acenou com a cabeça, o homem lacrou o caixão e, ao abrir a porta da sala do velório, ela viu uma multidão de pessoas, alguns rostos conhecidos, outros muito jovens, mas que carregavam expressões conhecidas. Todos aplaudiam o casal com grande emoção passavam o caixão de mão em mão. Tantas pessoas ajudaram Rodrigo a chegar até sua cova de descanso eterno e foi nesse momento que Lidia, sua eterna companheira teve uma certeza, o mundo podia não ter mudado do jeito que eles queriam, mas valeu a pena lutar, mesmo que muitos ainda não compreendam a força desse sonho agora essa geração podia, por fim, sonhar.


sexta-feira, junho 27, 2014

Intimidade Feminina

Porque quando te vejo sempre penso: por que gosto tanto assim de ti?
Deve ser porque quando olho pra você consigo me enxergar. E como se olhar num espelho gigantesco com vários tons de dor e um pingo de tinta clara no fundo que esconde toa a essência e beleza que nunca vão roubar de nós.
Creio que o segredo a vida não está apenas em dividir alegrias, antes esta na capacidade de se superar e ser feliz. Quantas noites não choramos sozinhas ansiosas por um abraço de compreensão e ternura para nos acalentar, não tendo a esperança e doçura e culpar as estrelas por nossos erros de perdição e que foram propriamente nossos.
Nascemos com a maldição de, ousadamente sermos mulheres, tivemos caminhos difíceis por causa do desejo alheio que via em nossos traços delicados um mundo de prazeres. Entendo seu sofrimento, pois quando me olho no espelho sempre tenho vontade de chorar por saber que meus olhos nunca mais vão ser tão brilhantes com foram outrora.
Dizem que roubo e um crime grave, então porque sofremos tanto ao longo da vida com o roubo de nossas escolhas? Quando vamos parar de tão prematuramente iniciarmos nossa vida sexual achando que escolhemos, quando nos escolhem por termos corpos mais firmes e desejáveis? Quando podemos agradecer uma pessoa que nos ache somente bonita, se, por vezes, por trás do elogio se esconde a idéia de que não precisamos estudar, trabalhar, viver, se podemos apenas nos casar mais facilmente encontrando assim a felicidade.
Queria muito abraçar você e lhe dizer: Te amo, porque você existe e tem coragem para acreditar em dias claros. Deixando todo o conceito de gênero de lado, pois o amor costuma ser maior que isso, bem como costuma ter várias faces. O que lhe tenho sempre será terno e fraterno,como aquele dividido por irmãos.
Espero ver a cada novo dia, teus olhos brilharem encobrindo o estigma dos tantos traumas que a vida resolveu nos dar. Divido com você a minha dor, tocando na tua feridas só para lhe mostrar que na vida não estás sozinha, pois somos muitas, milhares de vozes femininas que tentaram roubar, mas com força conseguimos nos levantar do nosso leito de meninas para renascermos fortes e mulheres. Dessas que todos os homens desejam, mas poucos merecem ter.
Não se esqueça, eu amo você, pois em ti vejo muito de mim.

Após terminar de escrever a carta, Clarice, lacrou o envelope, lacrou e endereçou a sua amiga, Luiza, pois no fundo sabia que ela tinha algo que a incomodava e ela precisava falar, talvez para esquecer ou somente se livrar a culpa. Ela mesma vem sabia o que era ter pesadelos noturnos, e como não acreditava na máxima de que todas mulheres são inimigas, resolveu se abrir a amiga para ajuda-la a não sofrer o mesmo tempo que ela .
Colocou a carta na cômoda, abriu a janela e deixou o sol entrar, desejando do fundo do coração mais dias claros por vir e muitos motivos para sempre sorrir.

terça-feira, junho 24, 2014

Descobertas

Nada na minha vida vai ser mais emocionante do que ver meu menino lendo sozinho. Sua leitura em voz alta, demonstrando ainda certa dificuldade me faz lembrar de mim mesma que demorei para começar a ler, mas quando comecei me encantei tanto, que até hoje vivo me transportando entre mundos.
Vai meu pequeno, sorria sozinho, viva aventuras que te transporte para mundos nunca antes conhecidos. Quero ficar aqui te observando de canto enquanto você, sutilmente, se aventura dentro da sua imaginação.
Te desejo risadas com a Turma da Mônica, aventuras em casas mal assombradas, viagens por mundos encantados e terras muito distantes.
Quero seus lindos olhos castanhos cada dia mais brilhantes, teu sorriso cada dis mais largo e bonito. Quero poder  discutir sobre As Mil e Uma Noites com você, e ver em seus olhos o brilho de mundos enquanto falamos das aventuras das quais mais gostamos.
Desejo dar a você meus livros que, apesar de poucos, guardam em cada página um sorriso e uma aventura vivida por sua mãe, assim como um dia quero ler teus livros preferidos para que possamos sempre brincar de nos reconhecermos nas páginas de nossos livros favoritos.
E um dia ainda quero te apresentar as poesias de poetas que tanto me fizeram sonhar, quanto sentir angústia diante do mundo e das coisas. Mas se você não gostar de poesia, tudo bem, pois não precisamos ser exatamente iguais para nos amarmos, precisamos apenas se presença um na vida do outro. Nem precisas gostar dos livros que um dia eu li, desde que os seus lhe façam feliz.
Por hora tudo o que me importa e me encanta e poder assistir as descobertas de uma criança que a cada novo dia me ensina como ser uma pessoa cada dia mais feliz.

quarta-feira, junho 18, 2014

De Repente Trinta

Não, essa não e a história de uma menina de 13 anos que se trancou no armário com um pó mágico e quando saiu de lá tinha 30 anos. Essa e apenas a minha história, escrita com a aceitação dos fatos e passagem natural do tempo em minha vida.
Mesmo assim, juro que gostaria de ter uma máquina do tempo, só para voltar aos meus 16 anos e dizer a mim mesma:
- Mantenha a calma, tudo vai acabar bem no final. E depois do fim, teremos belos reinícios e histórias para contar.
Nessa idade tive uma decepção tão grande na vida que fiquei sem rumo. Foi ai que parei para refletir e não sabia ao certo o que iria fazer, queria apenas que minha vida desse certo, por isso mesmo frágil escolhi ser forte, como tantas guerreiras dos desenhos que gostava se assistir sozinha.
E assim a vida se seguiu... terminei os estudos, fui aspirante a modelo, trabalhei com eventos, escrevia... Ganhei uma bolsa de estudos (uma das primeiras contempladas pelo PROUNI), fiquei grávida, ganhei um filho e perdi minha bolsa de estudos. Respirei fundo... fui mãe, não passei por dois pontos na USP, prestei novo vestibular, passei,  voltei a estudar, voltei a trabalhar, me tornei pai e mãe, me for ei em pedagogia. Consegui um emprego novo, recebi um convite para voltar a estudar, larguei o emprego após ser assaltada e desrespeitada como profissional e mulher. Escrevi m projeto de pesquisa no qual trabalhei pelo resto do ano, fiz processo seletivo para o mestrado, passei.
Conheci virtualmente aquele que seria o amor da minha vida, viajei para colocar a cabeça no lugar e iniciar nova etapa na minha vida. Cumpri uma promessa conheci pessoalmente meu querido, iniciei um namoro, fiz amigos novos  especiais, viajei para congressos, estudei, escrevi, engravidei.
Montei uma casa, ganhei uma filha, passei a ser apenas mãe dos meus filhos, mudei de cidade, aprendi a ser feliz.

Pois e, tudo isso ocorreu desde os meus 16 anos, quando decidi não ter mais pena de mim. Por isso se, acaso, perguntaram como me sinto agora com 30, a única resposta que posso a e:
- Ansiosa por tudo aqui que ainda esta por vir nos próximos anos da minha vida.

domingo, junho 15, 2014

Meu Terrível Batom Vermelho

Certa vez um namorado que tive falou para eu nunca usar batom vermelho porque no meu tipo de boca ficaria horrível. Desse então esse e o batom que eu mais uso.
Se me perguntarem qual parte do meu rosto eu mais gosto vo dizer sem muito pensar que e o meu rosto, pois ele e harmônico, nos meus traços eu percebo minhas múltiplas descendências. Na minha cor, olhos, tipo de nariz e boca uma história diferente, um traço do passado que me faz ser quem eu sou.
Na minha boca, em especial, trago a história do amor dos meus avós maternos, uma mulher branca e um homem negro dos olhos cor de mel. Sinto orgulho de ter algo em mim que todos os dias me faz lembrar do meu avô, se tenho esse sorriso largo e graças a ele que embelezou meu rosto com sua herança de carinho.
Recentemente, estava na sala de espera do médico e uma senhora gentilmente me perguntou se eu tinha alguma deficiência por causa do tamanho dos meus lábios, justificou sua pergunta explicando que estava apenas preocupada com sua filha, uma menina branca de  um ano, lábios carnudos. Educadamente expliquei a ela que era apenas uma característica comum entre descendentes de negros, e até era considerado como uma característica atraente para muitas pessoas. Logo o médico a chamou e ela entrou mais aliviada no consultório, não antes deu lembrar a ela de algo importante.
- Olha, quando ela crescer não a deixe usar batom vermelho cereja, senão as opções de pintura dos olhos vão ser reduzidas, caso ela venha gostar de pintar os olhos.
Sabe, diante de um preconceito podemos ter diferentes reações, no meu caso eu sempre escolho a indiferença, pois nua ninguém vai me fazer sentir vergonha do que eu tenho orgulho, do que me caracteriza e marca para muitas pessoas.
Triste e pensar em todo o sofrimento que a pequena garota vai passar ao longo se sua vida, talvez venha a ser uma bela menina que, insegura, vai sofrer ao longo de sua vida inteira tentando alcançar uma falsa beleza ideal.
Quanto a mim, não se preocupem, esse tipo de ignorância não me afeta, apenas mantenho minha mente quieta, um coração tranquilo sempre acompanhado do meu bom,velho e terrivel batom vermelho.

quarta-feira, maio 28, 2014

Meu Corpo

Se você olha uma foto do meu rosto e fica tentando imaginar como seriam as curvas do meu corpo, fique tranquilo, pois eu posso lhe contar, esse corpo que você tanto insiste em desejar é todo e exclusivamente meu, por isso eu me dou ao luxo de preserva-lo.
Tenho curvas femininas como as de qualquer mulher, em cada curva uma história que fala um pouco do caminho que até hoje percorri. As manchas  na cintura são minhas tatuagens, marcas de vida dadas pelos meus filhos que vieram ao mundo naturalmente me fazendo mais feminina e mulher. Meus seios pequenos, maduros pela idade, sempre firmes, como herança que trago na cor da pele morena, que cuido como jóia, pois nela vive minha identindade. Quadril largo, sempre bem escondido com roupas sóbrias e confortáveis, pois meu corpo não nasceu para ser exposto, nasceu para ser lido em braire, por dedos firmes daquele com quem escolhi viver e me entregar.Com ele divido a beleza que existe e pertence a mim.
Uma mulher não precisa menos do que seu rosto para se apresentar, para que as pessoas possam reconhece-la, a mesma mulher tem o direito de preservar seu corpo, pois não é bonita apenas a triste menina que mostra os seios ou suas curvas e esquece do seu rosto, o que dá a beleza a uma mulher é a certeza de saber quem ela é, tendo a coragem de se apresentar ao mundo como um ser dotado de inteligência e delizadeza, pois as curvas, o corpo, a sedução, são todos artificios que fazem parte do nosso ser, mas que não devem ser vulgarizados em prol dos desejos alheios.
Você, homem, que deseja saber como é meu corpo, fique nu em frente ao espelho, ou mostre o seu publicamente, pois só assim eu irei acreditar na normalidade do desejo pelas minhas curvas que nunca ão de ser publicas, ou tuas.


A Culpa

Não, não adianta me dizer que eu tenho que esquecer e seguir em frente. Tem coisas que marcam tanto a gente e tudo que conseguimos fazer é encarar para sobreviver.
Carrego em mim a dor de não pertencer mais a mim mesma, minha alma, pureza, tudo  me  foi roubado e nem o tempo vai poder me trazer de volta. 
Em pensar que tudo o que consigo me lembrar é da voz me falando: - A culpa é sua...
Realmente, a culpa é minha, por  não ter gritado no escuro, ter chorado mais alto, não ter o corpo desejavél, todas culpas minhas que, por vezes, no escuro da noite retornam a minha cabeça me fazendo gemer enquanto durmo, um barulho que não carrega nenhum prazer, apenas a escuridão de feridas sempre vivas me marcando. Não importa o tempo que vai passar isso é o que eu sou e a culpa é minha.
Muitas mulheres já me falaram: - A culpa não é sua, isso foi uma violência. 
Dizem que ser feminista é uma besteira, que são todas reclamações infundadas vindas de mulheres insatisfeitas com o mundo porque não possuem seu próprio homem... Realmente, nunca vou me dar o direito de ser tão idiota quanto um homem dos mais machistas, pois isso não é feminismo . Contudo sempre me darei ao direito de lutar pelos direitos de, ao menos na hora da minha morte, abandonar meus pensamentos masculinos, segurar nas mãos da menina de 16 anos encolhida no chão, enxugar suas lágrimas e dizer: 
- A culpa não é sua, enxugue os olhos e vá crescer.

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Retalhos I

Sentiu que estava sendo observado, caminhou ate a janela para fe.char as cortinas,  som da mulher que chorava e chamava por sua mãe era perturbador , ter vontade de gritar com ela, mas desistiu e caminhou para janela. Foi quando se deparou com o seu o seu observador e por um segundo os dois se olharam fixamente.
O que será que essa porra pensa?
Mas cedo, naquele mesmo dia o homem do lado de fora descobria como acontecia a morte de um grande amor.

- Querido, esta doendo demais essa mordida, quando o Paulinho se acalmar temos que levar ele no psicólogo. Sabia que ficaria triste OM a morte do seu cachorro, mas não imaginava essa reação.
- Depois pensamos nele, agora minha preocupação e você, amor. Ele esta e vai ficar bem.
A sala de espera do pronto atendimento estava lotada, sentados de frente para o  casal estavam um casal de idosos, a senhora tinha tanto carinho por seu marido que era bonito de se ver.
- Quero envelhecer ao teu lado desse jeito, amor. Tão bonito carinho assim, mesmo depois de anos juntos.
- Vou te amar pra sempre, querida, sempre.
O homem se aproximou da mulher para beijar ela, quando de repente  o senhor que estava sentado na frente deles caiu ao chão, espumando pela boca. Enquanto sua esposa corria atrás de um médico, o jovem casal se levantou na tentativa de ajudar o senhor idoso. A moça colocou seu ouvido bem perto do coração do senhor e foi nesse exato momento que ele acordou e começou a morder como um animal o pescoço da moca que olhava para o seu marido pedindo socorro enquanto gritava de dor.
O medo paralisou o moço que observou em choque a morte de sua amada. Só recobrou os sentidos quando viu o corpo da mulher cair sem vida no chão enquanto a senhora voltava com o médico que como ela ficou horrorizado ao ver o senhor debruçado sobre o corpo da moça arrancando pedaços de sua pele e carne.
- Corram, ele está louco.
O moço, o médico e a senhora começaram a correr  em busca de uma saída daquele inferno. Enquanto a senhora tentava correr o mais rápido possível, chorava pensando em como quarenta anos de casamento tinham terminado daquela maneira. O moço só pensava na sua covardia diante do sacrifício de sua jovem esposa e, por um instante se lembrou de seu pequeno filho, será que ele estava bem?
Saindo do hospital encontraram um caos imenso, pessoas se jogavam das janelas por desespero, e isso acontecia em todos os prédios ao redor.
O moço abandona o médico e a senhora e sai correndo em direção a sua casa que fica a três quadras do hospital. Chega com certa dificuldade, sempre desviando dos monstros que atacam os pedestres. Ao abrir o portão de casa não ouve barulho algum, caminha até o canto da garagem e pega um martelo na caixa de ferramentas, abre a porta da sala e vê seu filho parado em frente a televisão,  e quando pensa em respirar aliviado vê que seu filho não esta assistindo, ele come uma mão humana que, pelo anel, pertencia a sua tia. Horrorizado ele caminha sem fazer barulho  em direção ao menino e quando vai martelar sua cabeça e surpreendido pela rapidez da criança que vira e lhe da uma mordida na mão. Mesmo com essa surpresa ele consegue golpear o menino que cai sem vida ao chão.
Tudo terminado ele se senta no chão da sala e começa a chorar desesperado enquanto a dor toma conta de seu corpo. Chora até seus olhos adquirirem uma cor de leite e toda vida e racionalidade desaparecer. Assim ele caminha na direção da rua vagando em busca de carne humana para saciar sua fome voraz.
Chegando ao final de uma rua de um bairro simples vê um homem dentro de um casa e só consegue pensar em como poderia se aproximar mais para alimentar se com sua carne.

Enquanto isso, o homem fecha as cortinas e volta a se irritar o a mulher em choque e com a situação bizarra na qual se encontra.
O que vai acontecer? Quem nesse mundo há de saber?

domingo, janeiro 26, 2014

A Volta

Não importa quantas vezes eu tente fugir, de uma forma ou de outra sempre volto para você.
Longe de ti não sei ao certo como agir, é como se faltasse um pedaço de mim e os dias sempre terminassem com um grande ponto de interrogação. 
Afinal, como posso negar a sua importância na minha vida, foi você que sempre esteve junto de mim tanto nos dias mais claros quanto nas noites mais escuras e densas do meu existir, sem dizer se eu estava certa ou errada, apenas me aceitando assim do jeito que sou.
Já não sei contar quanto tempo tenho você como companheiro, me lembro da tua presença desde os rabiscos no caderno até os trabalhos mais difíceis e elaborados. Sempre formamos uma bela dupla, mesmo com nossas imperfeições, conseguimos tocar muitas pessoas, assim como viver grandes momentos.
É por tudo isso e por reconhecer que falta alguma coisa em mim quando fico sem você, que depois de quase três anos vou voltarei a ESCREVER. 

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A todos que acompanham meu BLOG peço sinceras desculpas por esse longo período sem atualizações e por algumas publicações aleatórias e fora da proposta na qual sempre escrevi por aqui. Voltarei a escrever meus pequenos contos baseados, em sua maioria, na visão feminina da vida sobre assuntos cotidianos, com a diferença de que agora postarei também alguns contos maiores como exercício pessoal de um tipo de narrativa que me fascina em criar. 
Vamos então voltar a viajar, por esse Universo Paralelo onde eu amo estar?