Não gosto de falar do tempo passado ou mesmo ficar revivendo situações, contudo, contrariando minha própria filosofia, por esses dias revisitei meu passado.Arrumando a bagunça do meu quarto encontrei escritos meus datados de 2000, por puro prazer e nostalgia comecei a ler alguns, claro que a faxina terminou por ali, mas algo melhor havia se iniciado: a avaliação do meu concreto crescimento.
Acho engraçado pensar que algumas pessoas julgam que possuo um dom para criar histórias,mal sabem elas as besteiras que já pensei e os absurdos que já criei até escreer algo que merecia ser lido e publicado. Além, é claro, dos meus eternos problemas gramaticais e de concordância, não concordo nem comigo mesma, por vezes. O grande fato é que nada nos é dado, tudo tem de ser adquirido e quando se escreve com comprometimento e paixão, criticar-se faz parte do processo criativo.
Lembro que quando menina eu era uma grande mentirosa, inventava cada história e minha mãe só fazia brigar e rezar para que eu fosse mais verdadeira. No terceiro ano, parei de mentir e comecei a criar histórias que impressionavam minha professora, mas nunca consegui gostar de nenhuma. Passei por muitos professores, por muita solidão e auto-critica. Da poesia fui para a prosa sem nunca deixar de ser poética. Hoje relendo tudo o que escrevi e guardei dou muita rusade de mim mesma, não uma risada desesperada, antes o sorriso puro de quem nunca desistiu do seu sonho de aprender a escrever.
Entre três cadernos de rascunho que ficam espalhados pelo quarto, um fichário de poesias, três cadernos completamente lotados de escritos, uma porção de textos escritos na minha velha máquina de escrever e rascunhos em pedaços de papéis espalhados pelos cantos, vejo minha imagem que é mais nítida do que a que o espelho me mostra. Sinto orgulho de ser quem sou, de ser como sou e em meio a minha solidão criativa, organizo todos os meus papéis jogados, como quem arruma pessoas queridas para um grande retrato de familia.
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