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terça-feira, agosto 26, 2008

Olhos Azuis

Creio que nunca tinha visto teus olhos de tão perto, foi como se naquela noite você me olhasse pela primeira vez nos olhos.
Desculpa te fazer sofrer, queria tanto que um dia você me olhasse com alegria, mas tudo que pude observar foram olhos azuis rodeados de vermelho sangue que pareciam estar a um passo da morte naquele instante.
Cristina nunca tinha sentido algo tão confuso, sabia que era por natureza confusa, mas não sabia que podia sentir um aspecto fisico com tanta intensidade. Em sua memória, perguntava a si mesma:
- O que será que eu estou fazendo com você.
Ela não consiguia entender porque tocava tão profundamente uma alma que até então parecia inatilgivel. Foi como se num instante o principe encantado ao encontrar-se com o dragão reconhecesse que nada poderia fazer contra ele, pois era apenas um homem.
As figuras imaginárias naquela noite se diluiram, nada mais seria como antes, pois da simbologia infantil, Cristina passou a enxergar com olhos que realmente enxergam a verdade através das coisas.
A única coisa na qual pode pensar, foi em abraçar seu principe sem coroa demostrando seu afeto, pois quando as palavras não bastam nos apegamos aos atos que falam mais do que supõem nossa vã filosofia.

terça-feira, agosto 12, 2008

Herdeiro das Palavras

Quando eu te vejo sinto uma felicidade tão pura. gosto de olhar teu rosto e perceber alguns traços meus. É como olhar no espelho e se ver diferente, sendo uma pessoa com vestigios de outra.
A cada passo novo, uma sensação de orgulho, cada palavra dita com maior dicção me faz ver em você meu futuro.
Meu herdeiro das palavras, sabia que um dia você vai perceber que essa pessoa sólida que te carrega nos braços e te acaricia cantando até vê-lo dormir não passa de um simples punhado de palavras?
Sinto em não poder te ofertar nada além disso, mas sou assim, me fiz grande atráves de palavras simples. Até mesmo você, querido, começou sendo um amontado de palavras em minha vida, eu mal te sentia e já direcionava palavras a você.
Por vezes eu fico de longe te adimirando, reparando em pequenos gestos seus, num sorriso que demostre maior felicidade ou até mesmo no jeito com que as lágrimas escorrem por seu rosto. Tudo em você parece tão perfeito, sinto que de todas as obras que já escrevi,você foi a mais perfeita que criei, pois só em você consigo enxergar minhas palavras solidificadas e vestígios de um amor tão grande e complexo que as vezes me ultrapassa por ser eu uma pessoa limitada e meus sentimentos do tamanho do mundo.
Quem é você?
Uma pergunta que cabe a você, a cada novo ano responder, mas eu gosto de chama-lo, carinhosamente de meu filho.
DEDICO ESSES ESCRITOS A MEU FILHO NICHOLAS GOMES BRITO, QUE NO ULTIMO DIA 09 COMPLETOU DOIS ANOS DE EXISTÊNCIA, ALGO MELHOR QUE A VIDA, POIS É TENDO A CERTEZA DA EXISTÊNCIA QUE PODEMOS DIZER QUE VIVEMOS.

quarta-feira, agosto 06, 2008

A Espera

Não conseguia mais suportar aquela situação, como podia continuar a ter esperanças se metade importante dela era desacreditado tão cruelmente?
Por anos esperou um sinal de que as coisas iriam mudar e por fim aquela existência teria um sentido positivo, mas nada mudava, tudo continuava absurdamente igual.
Para ela, amor implicava em aceitação e por anos aceitou as qualidade e defeitos alheios com a esperança de reciprocidade. mas tudo o que via era uma pessoa absurdamente egoista que sentia, sim, algo por ela, mais não forte de maneira que fosse capaz suportar todas as crise.
Naquele dia resolveu não pensar no passado e nem no futuro, apenas atravessou a rua de olhos fechados e se foi.