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domingo, fevereiro 24, 2008

A Outra

- Fecha a porta, não quero que ninguém me veja.

- Por quê?

- Não tenho que explicar, eu só quero fugir. Será que você não pode me compreender?

- Por quê

- Horas, não lhe devo satisfações, eu só quero ficar no escuro.

- Mas os teus olhos... Você está chorando?

- Claro que estou, deveria ser diferente, tenho motivos para pensar que tudo vai acabar bem. Por Deus, olhe para mim e diga, você ainda vê alguma coisa aqui.

- Uma sombra... Onde está você?

- Eu fui com o vento em direção a incerteza, eu acreditei tanto que a decepção foi enorme, gigante.

- Mas a vida não está perdida.

- Minha causa está, já não me importo com possibilidades, não tenho mais a visão otimista de antes.

- Você envelheceu.

- Não, eu só morri.

- Transformece em uma Fenix.

- Não quero mais a vida, basta olhar em meus olhos que você perceberá, o que eu quero é desaparecer.

- Mas você tem talento.

- Um talento de merda que não me leva a lugar algum. Sou tão parecida com milhares de pessoas que possuem o mesmo sonho.

- Venha para os meus braços, eu te ajudo.

- Tarde demais, tua palavra já me destruiu....



Caminhou em direção ao quarto escuro e trancou-se, apenas com sua máquina de escrever e alguns poucos mantimentos. Não queria um computador, pois com ele podia tocar o mundo e nem ao menos queria se tocar.

Sabia da sua aparência pouco agradável, mas tudo o que desejava era morrer, sempre fora alguém de sonhos fáceis, o problema é que nunca conseguiu realizar um mero desejo sequer.

Refletindo sobre a vida, chegou a conclusão de que todo o sonho que tivera fora mutilado, ela era a criação final de uma retalhação iniciada a tempos atrás.

Não conseguira ter aquele amor encantado, aquele primeiro beijo, tornara-se mulher de um modo tão amargo, que até hoje julga que o melhor era ter morrido após aquela noite. Tudo ao seu redor era tão falso, que quando saiu de sua redoma, descobriu que o que via lá fora era mera ilusão.

Meus olhos foram sempre cegos, nem eles permaneceram belos com o tempo.

"A dor é inevitável, o sofrimento é opicional"

Tinha plena consciência de seus atos e de sua auto mutilação, sabia que optará pelo mais dificil, pelo que destrói. Mas já não via possibilidade de voltar atrás, não via mão alguma estendida em sua direção, somente responsabilidades e vontade de sumir.

Do escuro surgiu a luz, e da luz um sorriso que implorava por uma brisa leve que a animasse a mudar. Um sentimento forte lhe fazia chorar , eram tão quente suas lágrimas que dormiu como uma criança por cima delas.

O espelho não a recolhecia, nem ela mesmo conseguiu se suportar, de imediato levantou-se, foi até a janela e a abriu, a paisagem não a confortará, era tudo tão cinza e escuro... Tudo tão artificial a sua volta.

Quis gritar, não tinha forças, apenas permaneceu com olhar parado em direção ao infinito de sua alma. Olhava pra dentro de si, como quem adimira uma obra de arte complexa.

Decidiu naquela noite que ela morreria, não importa a maneira, se lento ou rápido, se com veneno ou cortes. Só queria encontrar a paz dos que tem medo de continuar.

Um chamado em sua direção fez com que aqueles sentimentos fossem deixados de lado, fechou a janela, caminhou até o berço e pós a criança em seus braços.

De manhã se levantou, tomou banho, deu um beijo na criança sonolenta e saiu, sabendo que continuaria um rotina estupidamente chata, por uma vida melhor e mais digna, sempre a flertar com o seu interior suicida.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

A Mulher que eu não Sou

A mulher que eu não sou, hoje seria bailarina, e estaria sorrindo e dançando num teatro repleto de magia.
Falaria várias linguas e seria compreendida por todos que a cercam.
Seria tão sensivel e bela que pareceria uma flor rara e forte que vive, teimosa, no deserto. Conversaria com o vento e sentiria o brilho das estrelas em seus olhos, bem como o luar dentro do peito.
Conheceria mil países, diversas pessoas e sentiria-se fazendo parte de um plano maior.
Seria espiritual, mortal, sentiria a paz que só o sono traz a mentes atormentadas e doentes pela falta de um minuto de contemplação
Não ligaria para o corpo, semtiria=se bela, e descreveria suas imperfeições como verdadeiros traços de uma mulher original.
Usaria maquiagem para disfarçar as olheiras causadas pela insônia de noites que preferia viver e não dormir.
Teria seu próprio espaço, seu mundo particular, onde só entrariam convidados, bem amados. somente aqueles que valem a pena.
Não se preocuparia tanto com dinheiro, pois conseguiria encontrar no meio do caminho, alternativas para sempre fazer o que gosta.
Seria livre para amar sem medo, para amar em paz...

A mulher que eu não sou SERIA, enquanto a mulher que eu sou só É.

Queria uma nova utopia, ou quem sabe relembrar como faço para sonhar.