Páginas

quinta-feira, março 22, 2007

Metade - Oswaldo Montenegro

Procurando forças novamente na música de um cantor popular de quem meu vô gostava, porque em meio a loucura dos meus dias eu ainda posso ter música e poesia.

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimento
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
e a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
e a outra metade não sei
Que não seja preciso mais que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é a canção
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também.



Corpo Presente


Deitados lado a lado com as mentes vagando por outros espaços, mas com
um objetivo em comum: Tentarem se enganar.
Instantes depois estavam abraçados, se acariciavam como quem deseja
sentir algo forte por mais uma vez. Entre beijos fortes e ardentes o
desespero de quem tentava não ter que desistir, mas toda a relação
estava tão mecânica, tão perturbadora, que por mais que houvesse algum
esforço nada além das necessidades corporais, fora saciada.
Naquela noite, dormiram abraçados tendo em si uma única certeza,
jamais seriam os mesmos.
Naquela noite ele transformou-se em silencioso racional e foi viver,
enquanto ela em seus braços jazia morta, morrera interiormente para a
vida em seu último suspiro de amor.

sexta-feira, março 16, 2007

Triste/ Uma visão

Triste - Tom Jobim
Triste é viver na solidão
Na dor cruel de uma paixão
Triste é saber que ninguém
Pode viver de ilusão
Que nunca vai ser nunca vai dar
O sonhador tem que acordar
Tua beleza é um avião
Demais prum pobre coração
Que para pra te ver passar
Só pra me maltratar
Triste é viver na solidão

Uma Visão

Nesse mundo virtual quem somos nós?

Somos todos perfeitos, somos todos belos

Grandes distorções da realidade, por isso mesmo eternos uns aos outros

Somos sonhadores que por não se tocarem, apenas se desejarem vivem com a ideia ilusória de que encontraram o que buscavam em vida.

Amar é se fazer presença

Ao passo que não me tocam, eu não mais consigo sentir, sofro então.

Amar é dizer o necessário não o que desejam ouvir

Tocar, conviver e sentir são coisas ainda possíveis, passíveis

Mas temos medo do compromisso

Temos medo do desafio

Inventamos um meio de nos desumanizar

Assim sempre poderemos dar vivas

Por termos alcançado a perfeição.

PS: podem me chamar de brega, mas eu adoro MPB


quarta-feira, março 14, 2007

EU


Sou essa que você vê, mas não toca
Sou essa que anda triste, mas você não percebe
Sou essa que chora enquanto os demais dormem
Será que sonham em não ser mais tristes?

Já não sou mais o que era antes
Entre eu e o nada existe o vazio
E este vazio é o que eu sou
Essa foi minha evolução

Me disseram que o vazio não existe
Me falaram que este foi inventado
Creio que neste dia eu nasci
E agora sou o que sou, EU


sexta-feira, março 02, 2007

O que somos ?

"...Dentro de nós existe uma coisa, essa coisa é o que somos."
Ensaios Sobre a Cegueira - José Saramago

Entre ossos, vasos,músculos, pele, pelo a verdade de cada um.
Acima de nomes, sentimentos aquilo que se esconde dos olhos alheios
Só através da lágrima transparece nossa essência.

O medo de chorar é semelhante ao medo de ficar nu em público
É imoral desejar um mundo onde possamos enxergar verdadeiramente
A verdade de cada um é a mentira do próximo

Com a essência embutida
Estaremos desperdiçando as nossas vidas,
ou ainda há nobreza em nós?

A esperança da eternidade
acima de nossas tolas vaidades
poderemos nos abraçar no final

Um pingo da minha essência acaba de cair
E este cai por ti
Ao desejar a beleza que noutros tempos perdi



.




s