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terça-feira, maio 29, 2007

Não, não pertencemos a este mundo...

Estamos presos a esta terra que não nos pertence, sentindo apertardo o coração toda vez que um raio de luar ousa iluminar nossa existência.
Somos diferentes dessa gente que anda pelas ruas sem se quer notar o movimento que o mundo faz, um movimento tão sutil que só os mais puros de alma podem sentir.
Os demais preferem ver concreto, preferem o cheiro da fumaça o aspecto triste do asfalto a notar as timidas e poucas árvores que ainda ousam viver na cidade.
Não, não somos seres extra-terrenos, somos semelhantes a esta raça com um único diferencial: conservamos a humanidade em nossos peitos e aceitamos as escolhas que fazemos pela vida e para a vida.
Nosso planeta fora destruido por seres diminutos como vocês que apontam o dedo em nossos rostos e gritam:
- Parem com isso, não existe livre arbítrio.
Acredite, por mais belos que possamos parecer ainda temos a necessidade de respirar o mesmo ar que vocês.Isso nos torna seres calados, pois já não suportamos gastar o ar de nossos pulmões com gente medíocre como esta que nos rodeia, que clama tanto por igualdade, liberdade e estão tão presas a si mesmas.
Vivemos em bandos espalhados, bandos que por vezes se encontram, estamos sempre armados de nossas palavras, algumas mais simples, outras complexas, porém, todas jogadas, vomitadas, para nunca perderem a essência da divina inspiração.

Um dia desses eu vi um elfo encantado a voar no meu jardim imaginário, num vôo longo, desesperado, caiu aos meus pés desajeitado e numa cautelosa manobra fez parar por um segundo meu coração.
Me aproximei dele e disse:
- Bem vindo meu irmão, este é o mundo em que nós condenaram a viver, nele não tem magia, nem cores, nem rima, apenas pessoas um tanto vazias.
Me olhava desesperado, com o desespero próprio de quem no deserto busca por água e não encontra. Peguei em suas mãos, olhei em seus belissímos olhos e lhe disse:
- Não te preocupas, pois por esta vida ei de te ajudar, tornando os dias mais suportáveis, as noites menos frias, levando ao teu coração um pouco da poesia do nosso antigo mundo.

Naquele dia eu deixei de ser exemplar único da minha espécie, despi minhas vestes apertadas e mostrei a ele as minhas asas que mesmo entrevadas ainda desejavam voar, um vôo intenso, bonito, divino que só o verdadeiro amor pode fazer brotar.
Por hora minhas asas ainda estão se recuperando, minhas feridas se cicatrizando. Aos poucos volto a voar, com os olhos fechados a sonhar com aquele que fora o nosso verdadeiro lugar.

Não, não somos desse mundo, mas aceito este mundo e nele vou crescer, vou te ver crescer, pois ninguém pode nos dizer até onde chegaremos e o que devemos fazer.
Um movimento pelos sonhos, um desejo de alcançar o mais alto que nossa existência possa tocar e imaginar.

sexta-feira, maio 25, 2007

Sobre minha Adimiração


Em tempos que convivo com a censura na escrita, citar Clarice é como fazer amanhecer o dia no nublado mundo da criação literária. Escritores com verdadeiro potencial deveriam ser todos assim, diretamente enigmáticos e nunca escreverem por obrigação, sem preocupações fúteis ou inúteis, pois isso só leva o ser a tornar-se pequenino e tolo.
Lembrar dos autores que adimiro sempre me renova paraque eu possa continuar a escrever essas minhas simples, porém verdadeiras linhas.

Como presente deixo a vocês algumas palavras dessa tão bela escritora.

"Sonhe com aquilo que você quiser…
Seja o que você quer ser…
Porque você possui apenas uma vida
E nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce,
dificuldades para fazê-la forte,
tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz".

terça-feira, maio 22, 2007

Mulher Nua

Não se adimirava ao ponto de ser considerada narcisista,
mas bem sabia reconhecer os seus encantos e seu poder.
Era uma mulher sem exageros, simples como um dia calmo
e forte como o vento de outono.
Seu corpo assemelhava-se ao de uma criança pelas curvas discretas,
mesmo assim orgulhava-se de ser mais mulher do que sua imagem representava,
dava graças por ter dado vida a um ser tão pequeno e perfeito e de poder
mesmo com seus pequeninos seios alimentar e fazer crescer uma criança.
O dia em que pediram para ela se olhar no espelho, aceitou prontamente o desafio.
Em uma madrugada um tanto quanto gelada parou em frente ao espelho e contemplou
sua imagem, qual não foi sua surpresa ao sentir que estava sorrindo, que aos poucos
um estado de euforia tomava conta do seu ser, este tão dono de si que ao olhar-se pensou:
- Sim, sou belo do jeito que sou.
Ao final do exercicio sentiu-se ridicula por ter em outros tempos desejado ser diferente do que era, por ter sonhado com detalhes esteticamente belos e futeis.
Aos vinte e dois anos descobriu que poderia envelhecer tranquilamente,pois aceitava-se como o tempo a havia feito, sem artificialidades e rodeios, apenas pura e simplesmente mulher.

sábado, maio 05, 2007

Desabafo Mudo

Eu calo porque sei que todos ao meu redor estão surdos demais pra ouvir minha voz.
Eu ouso alcançar o céu em sonhos porque minha capacidade de acreditar não vai morrer pelo seu dom de me fazer sentir a tristeza na carne.
Hoje eu sou mais forte do que era ontem e amanhã certamente serei um pouco mais.
Porque nos dias dificies acordo mais mulher e em meio as minhas dificuldades descubro o quão grande é meu ser.

Eu só queria um pouco de amor....um toque....carinho.... mas não vou morrer por falta disso.

A minha vida é agora, a minha vida não esta no passado, não esta no futuro, ela está enraizada no momento presente onde eu não vejo nada nem ninguém ao meu lado.
Porque tem dias em que o cansaço faz com que eu me baste e tudo o que eu desejo é deitar e dormir, sou humana, preciso e quero sentir a necessidade de cumpir minhas necessidades vitais.

Meu verso é livre assim como minha vida, meus gestos, meus pensamentos. Não faço questão de rima, não procuro a palavra ideal, mas escrevo aquela que vem a minha mente.
Nem todas estão certas, um dia os interessados em letras iram criticar minha gramática pobre e falha, mas na verdade eu pouco me importo com eles.
Ajudas são sempre bem vindas, criticas são aceitas, mas em verdade eu sempre terei momentos de fúria onde o papel ira me pertencer e poucos olhos vão me compreender.

O ser é complexo, eu sou complexa como a flor que ousa nascer, crescer e aceita o tempo e a morte que vira, pois PRA SEMPRE não existe, rascunhos são mentiras, pois em verdade as chances são unicas, a vida é única e eu não quero perder mais tempo.



PS: Amanhã meu primo faria aniversário se não tivesse perdido a vida em plena juventude. Hoje uma criança que mal teve tempo de andar pelo mundo deixo o corpo...
São nessas horas que eu me pergunto:
O que estou eu fazendo da minha vida?
Tento me lembrar que só tenho essa chance para alcançar o que quero e deixar meu filho trilhando um caminho bom.
Choro os mortos porque amo a vida e porque ainda sou humana o suficiente para sentir.