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quarta-feira, agosto 31, 2011

Iluminada


Quando eu era pequena vivia em uma casa grande, escura e fria, mesmo assim minha infância fazia com que os dias fossem todos suaves. Não era o que as pessoas consideram uma criança feliz mas, afinal, o que é ser feliz senão uma das nossas utopias?
Vivia num tempo onde não existiam crianças, apenas pequenos adultos que tinham suas próprias obrigações e ambições, na ansia de viver algumas horas de lazer, inventava brinquedos com o que encontrava e assim podia me desligar daquele mundo tão pesado e adulto.
Num desses dias encantados, encontrei uma lanterna diferente, era tão bonita, redonda, com elas nas mãos me sentia segurando o mundo e com ele uma coleção de oportunidades e caminhos. Girei ela de um lado para o outro, dedinhando seus espaços me imaginava pulando de um canto ao outro do mundo, conhecendo tudo o que minah imaginação podia criar e desejar.
Era tão bom ter aquele objeto em mãos, melhor ainda foi conseguir acende-lo, fazendo com que a sua luz iluminasse meu rosto. Naquele dia, com a luz nos olhos foi que fiz uma grande descoberta: - Tenho um rosto.
E com ele um novo sonho: Me acender para vida.


quarta-feira, janeiro 05, 2011

Amigo

(Acervo próprio)

Imaginar um objeto do meu passado... Não tem como eu não fechar os olhos e visualiza-lo, assim, com seu jeito calado a me olhar, sempre querendo dizer que esta pronto para me abraçar caso eu precise.
Quando eu tinha 4 anos ganhei um urso de aniversário, presente conveniente, visto que nunca gostei de brincar de bonecas. Desde o primeiro instante amei o meu brinquedo, carregava ele comigo aonde quer que eu fosse
E foi assim por anos, onde eu ia ele estava, na hora de dormir era ele que sentia encostado em meu peito, quando ele se rasgava eu o costurava, quando eu chorava seu abraço me consolava.
Mais um dia a gente tem que crescer e tem que deixar de lado as coisas próprias da infância, os amigos imaginários precisam se tornar reais, como mulher não nos contentamos mais com pequenos abraços, precisamos de braços fortes que nos entrelacem dizendo que tudo vai ficar bem, precisamos de amores reais que sustentem nossos passos dando sentido ao nosso caminhar.
Mesmo assim, não consegui me despedir por inteiro do meu pequeno e calado amigo, guardei ele bem escondido e um dia , brincando com o meu filho ele o achou e perguntou:
- Quem é este?
Apenas respondi.
- Esse é o meu velho amigo, quer que eu te conte como eu o ganhei?

E assim se inicia, uma nova história de amizade na minha vida.

sábado, dezembro 04, 2010

Acidente Literário - Boa Ação

(Fonte: Acervo Próprio)
Título: Boa Ação
Local: Residência dos Britos
Data:03/12/2010
Protagonistas: Uma criança de quatro anos e sua avó
Tipo: Análise de Símbolos

Descrição do Acidente Literário:

Criança: Vou dar uma das moedinhas que minha bisá me deu para dar para o papai do céu.
Avó: Que bonito, você quer ajudar a casa do papai do céu?
Criança: Não, quero ajudar o papai do céu. Acho que com uma moedinha dá pra comprar pelo menos uma touquinha para ele parar de ficar pelado na igreja.

Recolhido por: Leticia Brito

sábado, novembro 20, 2010

Pertencimento

Durante a semana, quando levo meu filho para escola, ele gosta de passar pela pequena praça que fica perto da minha casa. Quando chegamos nela, meu filho sobe nos contornos de concreto que protegem a grama e as árvores, abre os braços e começa a andar como um equilibrista. Neste pequeno instante, aquele pequeno mundo lhe pertence, e eu fico de fora a observar os doces prazeres que encontramos na infância que não me pertence, mas que me faz feliz.

sexta-feira, setembro 24, 2010

Envelhecer


- Quando você foi embora deixando a porta aberta, senti como se o teto caisse sobre mim. naquele dia nossa casa se transformou em ruínas e o espaço antes pequeno se tornou imensidão.
Mas como tudo na vida passa, você passou e eu, sem escolhas, segui.

Depois de vinte anos, Eliza voltou a antiga casa onde vivera cm Danilo só para poder ver que o lugar que antes era um lar agora tinha se transformado em ruinas.

- Como nossas vidas, tudo o que sobrou foram tijolos e saudades.

Entrou e saiu da casa como quem fazia uma inspeção, queria passear por cada detalhe na tentativa de se lembrar de tudo o que havia esquecido. Depois de anos sentia a necessidade de recuperar um pouco daquela beleza terna que só o primeiro amor era capaz de proporcionar a alma. Sentia que agora, velha, precisava recuperar a ternura antes que acabasse morrendo só.
Se os anos fizeram aquilo com a casa o que eles não teriam feito com ela? Era nisso que pensava enquanto se preparava para sair da casa. Contudo, uma aparição,no que antes fora a sala ,lhe chamou a atenção. Uma simples planta brotava do chão, suas folhas verdes claras e simples refletiam o sol que naquela manhã visitava a cidade, sua luz fazia com que algumas flores ganhassem um tom amarelo magnificamente belo como a cor das flores pequenas e simples das quais ela tanto gostava.
Ficou paralizada observando o magnìfico show que a natureza lhe mostrava. Percebeu naqueles segundos que vivia com sua beleza possível e que por mais atraente que fosse recordar, envelhecer também lhe traria doces experiências e dias. Descobriu no meio daquele cenário uma bela verdade:

- Sou como essas ruínas e mesmo que o tempo me derrube sempre guardarei em meus olhos a beleza de ser quem eu sou:SIMPLESMENTE, ELIZA.

Foi embora naquela tarde em paz com seus cabelos brancos e com todas as recordações guardadas na caixinha de música da sua memória.


quarta-feira, setembro 22, 2010

Comprimido


O que te compóem
não sei dizer...

Mas quando me aproximo de você,
sinto que vou morrer

Tua composição é a minha solidão.

quarta-feira, agosto 25, 2010

Local de Passagem

Fonte:Acervo Próprio

Os cômodos de minha casa não me interessam, são todos quadrados e fechados demais dentro de si mesmos, nem suas janelas os salvam, visto que o sol insiste em não bater na minha morada.
Gosto mesmo do corredor do lado de fora da minha casa, pois somente nele consigo enxergar a luz branca do luar, foi também nele que eu vi meu filho pela primeira vez andar. São tantas lembranças num lugar que serve para passar que esse pequeno espaço se torna parte de mim.
Sua estrutura não é nada charmosa, ao longo dele podem se encontrar algumas rachaduras adquiridas com o tempo, um ramo pendurado em um canto desde a ultima missa de ramos.a lata de lixo e a pilha de jornais marcam presença por lá, bem como os baldes que estão sempre dispostos a limpar as manchas de água deixadas pela chuva e a sujeira e pó que o vento traz consigo. No fim dele talvez o canto mais iluminado de toda a casa, a lavanderia que se abre em mil janelas que sempre deixam a luz do sol entrar. É do final do corredor que também vem a musica, antigamente do estudio do meu irmão, hoje em dia do rádio da minha mãe que sempre ouve musica enquanto passa nossas roupas.
Um lugar sem importância, até esquecido como parte da morada, mas a mim sempre será um local mágico que sempre irá me guardar doces lembranças de muitas pessoas que já passaram por lá.
Porque a gente nunca esquece por onde nossos pés decidem caminhar, os locais de passagem sempre vão me encantar.

terça-feira, agosto 17, 2010

Nossa Casa

Fonte: joaobarcelos.com.br

Porque quadros vão ser sempre quadros, mesmo que o nosso desejo seja transformá-los em realidade, não há no mundo feitiço que faça o abstrato tornar-se real...
Sozinha em seu quarto, a moça lembrava-se de um tempo a muito passado onde havia sonhado em ter um lugar só para ela e seu amor. O ato de recordar era doce, mas lembrar-se do fim era doloroso e amargo, pois sabia que no final tudo não tinha passado de um sonho solitário onde somente ela enxergou futuro e cor.
Pertenciam a mesma geração solitária, mas a alma dos dois fazia com que parecessem estar sempre anos luz de distancia. Não existia mudança que pudesse salvar o sentimento inexistente que eles tentavam conservar no papel, pois no fim não era amor, era apenas poesia cortante e constante.
O fim veio de forma espontânea,como não poderia deixar de ser, um dia a nossa casa de papel mache derreteu debaixo da chuva deixando nossos corpos livres para finalmente observarmos o mundo que nos rodeava, percebendo que fora da nossa fantasia existia mais vida do que poderiamos imaginar. Foi certo, mas não deixou de doer pelo simples motivo de ser o fim.
Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, a garota limpou ela com as mãos, levantou-se da cama e foi até o banheiro, lá ficou se olhando no espelho e após alguns segundos disse a si mesma.
- Obrigada por tudo o que passou, mas agora não quero nada menos do que amor.
Sorriu, saiu do banheiro, desligou as luzes de sua casa real e foi se deitar pensando em tudo o que podia acontecer na vida de uma pessoa que não espera menos que viver, um dia de cada vez.



terça-feira, agosto 10, 2010

Sobre o Tempo


-Passado, presente, futuro...

-Tenho uma vida para viver, tanta coisa a fazer, mas o tempo não para é Fatal. Corre sem graç, me despedaça a alma. Me enlouquece, me enLOUQUECE, ME ENLOUQUECE..


Atirou o despertador na janela e finalmente conseguiu dormir.

sexta-feira, agosto 06, 2010

De Passagem

Fonte: (imagem retirada de http://momotte2stocks.deviantart.com/art/Place-stock-61-street-84524416, por @Mommote2stock , no deviantart)


Andar pelo beco durante o dia é como escolher trilhar pelo caminho das coisas simples, é fugir da escura noite que dá ao beco o toque de horror e fantasia precisos para se escrever uma bela história de terror.

- Porque será que Claudia só pensa em histórias melancólicas e noturnas? Será que ela ignora o fato de que a luz e mais assustadora que a escuridão, pois sempre nos mostra as coisas como elas realmente são... - Falava para si mesmo Davi, enquanto lia uns poucos papéis deixados em cima de sua escrivaninha.

Na noite em que Claudia foi embora, deixou para trás todos seus tolos rpapéis de rascunhos, onde ela jogava suas letras na esperança de que um dia ele pudesse entende-las. Mais o entendimento nunca aconteceu, eram muito diferentes para se reconhecerem nas entrelinhas. Claudia era noite e reflexão, Davi era concreto e simples como todos os detalhes do beco onde morava. Enquanto ela queriaver a lua, ele se contentava em olhar pela janela as trepadeiras da parede do vizinho. Se tentavam conversar na rua, ele sempre se perdia a contar ladrinhos. Achava o seu espaço tão simples e seguro que acabou por acreditar que tudo o que lhe cercava fazia parte integral de seu corpo. Tanto amava o seu beco e sua simples segurança, que acabou por se fechar para tudo que o rodeava, viu Claudia partir e não correu atrás, ela era escuro demais e ele só queria a bela luz simples que seus olhos gostavam tanto de enxergar.

Dez anos se passaram, de Cláudia restaram apenas as letras, tão negras e enigmáticas letras.

- Ela quis mudar meu beco, por isso teve que partir...

Quanto ao futuro de Davi? Os poucos e antigos moradores só sabem dizer, que um dia enquanto caminhava de cabeças baixa a contar ladrinhos, foi até o fim do beco, olhou para a parede de tijolos velhos dourados, sorriu e chamou por Cláudia. Como ela não respondeu, sentou no chão e se deixou morrer.

Um pintor que morava do outro lado da rua, achou o corpo, chamou a emergência e ficou a observar o trabalho dos homens que carregavam o corpo do finado senhor Davi. Meses depois vendeu um quadro intitulado "De Passagem", que mostrava um senhor que viveu por sua paisagem e se tornou um de seus eternos e seguros tijolos.