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sábado, março 07, 2009

Do Escuro

Sinto-me tão sozinha em certas horas da noite que o unico impulso que me toma é o de cantar, enquanto canto danço e sinto como se o vazio fosse mais suportável.
Meu quarto se enche de uma luz tão branca e pura enquanto eu grito com minha voz fraca as letras das musicas que mais me tocam, a paz que me invade é amarela como a flor que brota no vaso da minha janela.
Quando me canso, deito no chão de olhos fechados, respiração ofegante e sorriso nos lábios. Sei que ainda estou só, mais algo em minha alma me acalma e não ter companhia já não me angustia ou atrapalha. Do escuro que invade minhas costas, onde minha luz já não toca, sinto uma presença, como se alguém daquela outra margem me observasse e pudesse com suas mãos me tocar, a noite me abraça com braços humanos, tão puros e estanhos que eu só posso aceitar.
- Quem és tu na outra margem?
A resposta não vem, mais já não me importa, em meio ao encanto de um leve consolo aceito a presença de quem não vejo. Julgo até ser desnecessário utilizar minha visão, quantas pessoas olhamos, tocamos e jamais iremos sentir com tamanha intensidade? As pessoas descartáveis apenas o consolo de abraços automáticos e beijos falsos. Eu prefiro amar meu lado negro, esse ser das sombras que eu desejo, sei que nunca irás me deixar, pois ao passo que eu ando ele me acompanha. Cada um dos meus sorrisos por ele é sentido, cada uma de suas lágrimas passa pelos meus olhos, e nesse eterno tocar-se a distância vivemos uma vida sempre juntos nossa plenitude.
Do escuro ouço outras linguas, não compreendo nenhuma, mais o som delas é tão belo que me ponho a dançar, por não saber contigo cantar, valso sozinha no quarto e tudo fica em perfeita harmonia, tu no escuro com tuas linguas e eu na minha luz com essa nova e estranha alegria.

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