Páginas

segunda-feira, março 16, 2009

Chuva no Inferno

Você não é nada, seu rato de merda, se suja na vida e depois ainda espera que eu lhe ame. Quem você pensa que é com essa sombra turva, com esse semblante arrongante de quem não tem forças nem para seguir em frente?
Cansei de olhar para você, és tão deprimente, sem anseios, sem perspectivas, sem ação na vida vive a rodar em volta de si mesmo. Você é tão nojento que por vezes parece saboroso, gostaria de experimentar uma vez mais o doce sabor do teu gozo vazio, do teu olhar frio que espera de mim somente o obvio.
- Se sou nada, porque me quer?
Porque você é meu inferno, o defeito de fabrica que esqueceram de incluir no meu pacote, você se assemelha a morte de tudo o que é descente e puro em mim.
Sinto ódio em saber que ainda consigo ter pena de você ao te observar tão solitário a rodar na vida por tantos buracos, a se sujar em valetas desperdiçando sua vida com pessoas mediocres e frias.
Mais nestes dias de chuva, onde minha pureza escorre do céu misturando-se ao caldo grosso da tua sujeira do inferno, no limite entre os dois mundos nos percebemos mais uma vez juntos, envergonhados e vermelhos sem coragem de nos olharmos no espelho.
Tudo na chuva muda a gente, na chuva você não é tão asqueroso e eu consigo me despir desse manto de encantos que um dia me vestiram.
Nesses dias encantados de gotas transparentes e precisas chegamos a nos assemelhar a meros humanos na chuva de mãos dadas andando e cantando somente esperando o tempo passar.

Nenhum comentário: