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terça-feira, agosto 17, 2010

Nossa Casa

Fonte: joaobarcelos.com.br

Porque quadros vão ser sempre quadros, mesmo que o nosso desejo seja transformá-los em realidade, não há no mundo feitiço que faça o abstrato tornar-se real...
Sozinha em seu quarto, a moça lembrava-se de um tempo a muito passado onde havia sonhado em ter um lugar só para ela e seu amor. O ato de recordar era doce, mas lembrar-se do fim era doloroso e amargo, pois sabia que no final tudo não tinha passado de um sonho solitário onde somente ela enxergou futuro e cor.
Pertenciam a mesma geração solitária, mas a alma dos dois fazia com que parecessem estar sempre anos luz de distancia. Não existia mudança que pudesse salvar o sentimento inexistente que eles tentavam conservar no papel, pois no fim não era amor, era apenas poesia cortante e constante.
O fim veio de forma espontânea,como não poderia deixar de ser, um dia a nossa casa de papel mache derreteu debaixo da chuva deixando nossos corpos livres para finalmente observarmos o mundo que nos rodeava, percebendo que fora da nossa fantasia existia mais vida do que poderiamos imaginar. Foi certo, mas não deixou de doer pelo simples motivo de ser o fim.
Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, a garota limpou ela com as mãos, levantou-se da cama e foi até o banheiro, lá ficou se olhando no espelho e após alguns segundos disse a si mesma.
- Obrigada por tudo o que passou, mas agora não quero nada menos do que amor.
Sorriu, saiu do banheiro, desligou as luzes de sua casa real e foi se deitar pensando em tudo o que podia acontecer na vida de uma pessoa que não espera menos que viver, um dia de cada vez.



2 comentários:

Luiza Maciel Nogueira disse...

que linda estória Letícia!

ainda não fiz o exescício, estou pensando ainda, achei difícil! O seu ficou brilhante!

BJs

Edson Bueno de Camargo disse...

Não só está pertinente com o exercício, como ficou muito bonito.

Gosto destes teus textos que fluem.