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sexta-feira, janeiro 29, 2010

As Cartas


Todos os dias, as três horas em ponto, sei que o carteiro vai passar, consigo ouvir o barulho dele colocando a mão dentro da caixa de correio. Todos os dias eu corro até a caixa do correio e espero que algo chegue para mim, mas nunca chega nada.
Adquiri esse hábito aos 10 anos quando eu trocava cartas com amigas que fiz em uma viagem a Bahia, o tempo foi passando, a distância entre nossos interesses aumentando, até que um dia as cartas pararam de chegar.
Quando eu tinha 15 anos tive meu primeiro namorado, fiz questão de arranjar um namorado que morava longe, só para poder esperar por suas cartas de amor. Em um ano recebi apenas três cartas enquanto eu todos os dias escrevia e todos os dias esperava as respostas que não vinham.
Entre esses dois eventos recebi correspondências casuais,mas o fato é que eu nunca deixei de esperar e hoje, passado tanto tempo nem eu mesma sei o que eu espero encontrar.
Não sou mais a menina de 10 anos, não sou a de 15, nem a mulher de um segundo atrás. Mesmo assim eu espero, todos os dias as cartas que nunca vou receber. Talvez seja esse o meu elo com o passado que eu já vivi e com o futuro que vira: a esperança de uma palavra amiga num pedaço de papel.

Não deixa de ser poético e belo, mais ainda são simples as coisas que me fazem feliz.
Qualquer dia desses escreva para mim, prometo que vou te responder.



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