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segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Sobre Minha Responsabilidade Materna


Tenho ao meu lado um ser perfeitamente real e belo, diferente de toda literatura que eu já estudei, escrevi ou li. Eu posso tocar essa obre divina, eu posso sentir seu coração bater, ver o sorriso de seu rosto ou mesmo em meio a brincadeiras tentar compreender o que se passa em sua pequena cabeça. Isso tudo tendo em mim a consciência de que ele é minha melhor parte, contudo ele não pertence mais ao meu corpo e por isso não tenho o direito de brincar com essa criatura como quem molda um boneco de argila.

No meio do caminho apareceu um problema...Será que meu filho nunca vai terá o meu desembaraço para falar em publico? Será que ele nunca vai se interessar pela lingua francesa? Sinceramente, não tenho medo e nem pressa de obter essas respostas. Como a adulta responsavel pelo seu desenvolvimento apenas acompanho seu crescimento admirando a cada dia suas novas descobertas e seu crescimento pessoal.

Somos os grandes responsáveis por nossas escolhas, por isso não quero nunca negar meus erros como mãe-pai do meu filho, assumo todos e permaneço ao lado dele para que ele sempre saiba que eu estava errando, mais que em muitos momentos também consegui acertar.

De nada adianta ficar procurando erros em meu filho, prefiro admirar todo o potencial que ele pode ter quando esta em paz. Confesso que sou uma mãe feliz, tenho um filho que gosta de cinema e teatro como eu, que começou a escrever as primeiras letras soltas em um caderno por me ver escrevendo na cama, que adora musica e gosta de dançar comigo de madrugada quando estamos com insônia, que acorda a cada dia mais autonomo e carinhoso, que ri, brinca e fala, e com fala o meu menino que gagueja quando esta com medo ou nervoso mais que sabe usar palavras que muitas crianças não saberiam pronunciar. Tenho um filho lindo que me disse que nunca vai torcer para o meu time, que gosta de Oswaldo, canta Chico e Raul mais não suporta Beck e musica francesa.

Com base em tudo isso eu não posso deixar de me orgulhar e assumir que a responsável por tudo o que eu já fiz na vida sou eu mesma, até mesmo a decisão final de deixar essa criança vir ao mundo foi minha, eu poderia ter escolhido o caminho mais fácil, afinal, o corpo é meu, contudo a decisão final foi a de criar da melhor maneira possivel essa criança e se problemas surgirem durante o seu desenvolvimento, desculpe, a culpa é minha. Só não quero que um dia tenham a hipocrisia de atribuirem todas as suas qualidades a terceiros, pois todas elas vão pertencer a uma única pessoa: ELE. Afinal, sou tutora e não dona de sua pequena vida.

Um dia ele será um grande homem, sei que não vai ser do jeito que eu sonho,contudo ele vai ter a consciência de que é ele que faz seu próprio caminho. Como mãe, vou lhe apontar algumas direções mais as escolhas serão todas dele e de mais ninguém.

2 comentários:

Edson Bueno de Camargo disse...

Os Filhos
Gibran Kahlil Gibran(Do Livro "O Profeta")

Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:

Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.

Leticia Brito disse...

O texto é belissimo por ser completamente verdadeiro. Obrigada pelo presente,Edson.