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sexta-feira, julho 16, 2010

Pesadelo

Acordou no meio da noite trêmulo sentindo o grito preso em sua garganta. Ficou meia hora olhando para o teto a procura de um ponto de luz onde pudesse concentrar seu olhar para fugir daqueles pensamentos que lhe pesavam a alma, contudo no seu quarto tudo era vazio e escuridão e não havia um local onde pudesse encontrar consolo.
Como já havia despertado, decidiu ir até o banheiro só para não continuar olhando para o nada, levantou, caminhou até a porta e ao abrir ela sentiu uma forte luz invadir seu quarto. Fechou os olhos por um impulso de proteção e com eles fechados sentiu uma mão segurando seu braço e ouviu uma voz feminina chamando seu nome:
- Fábio, Fábio.
Não suportando mais a sensação de horror, grito o mais alto que podia.
Acordou ao lado de uma mulher que o olhava assustada,continuava deitado no mesmo quarto vazio, contudo agora a luz da lua invadia o comodo e o cheiro do perfume da mulher lhe trazia alguma paz para o espirito.
- O que houve com você, Fábio?
- Quem é você?
- Como assim. quem sou eu? Sou sua mulher
- Eu sou sozinho.
- Não mais, lembra nos casamos hoje.
- Não, não pode ser, eu sou sozinho e sempre serei.
Ao dizer isso, jogou seu corpo sobre o corpo da mulher, pegou em seu pescoço e começou a enforca-la, queria que ela desaparecesse do seu pequeno mundo com aquela fraca luz do luar. Alguns minutos depois, percebeu que a mulher não mais tentava se esquivar dele, tirou as mãos dela e viu seu corpo sem vida cair no colchão.
Levantou, foi até a porta e acendeu a luz do quarto, com a luz acessa olhou para o chão e viu um bonito vestido de noiva jogado ao lado da cama. Começou a chorar feito criança, pois agora tinha a consciência de que havia matado seu grande amor, sua dor era tão grande que num choro profundo fechou os olhos...
Quando abriu os olhos estava novamente deitado em sua cama, no seu quarto escuro, nas suas quatro paredes, no seu mundo... Esticou os braços que bateram no chão e as pontas dos seus dedos encontraram seu caderno de rascunhos, pegou o caderno e caminho até sua escrivaninha, sentou-se na cadeira e quando ia começar a escrever olhou um pouco mais a frente e viu um par de alianças jogadas num canto ao lado da foto de uma bela mulher.
Estaria ele condenado a viver sempre sozinho na segurança de seu pequeno quarto? Não querendo pensar muito e para encerrar o assunto, pegou a caneta e escreveu em seu caderno:
Meu maior pesadelo é a certeza de saber que estou eternamente preso no universo que criei dentro de mim...

Um comentário:

Anônimo disse...

em uma palavra... Envolvente!