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terça-feira, junho 02, 2009

Escolhas e Oportunidades

Ontem enquanto lia meu jornal no ônibus um tanto quanto desanimada, reencontrei um antigo companheiro de classe que vendia balas em busca de seu sustento. A primeira reação dele quando me viu foi vergonha, vergonha por eu estar sentada e ele a gritar no corredor.
Muito timido iniciou um diálogo:
- Nossa, moça, o que aconteceu com você que sumiu. Vivo perguntando pros meninos o que aconteceu com você e todos dizem que você simplesmente sumiu.
- Pra falar a verdade continuo morando no mesmo local, a unica coisa diferente é que eu ando correndo demais com os estudos, maternidade e trabalho.
- Legal, eu também estou casado e já tenho dois filhos.
- Eu só tenho um, mas nunca me casei, apenas morei junto e no final do ano passado me separei.
- Triste.
- Mas eu aguento, moço, acredite.
-Você está trabalhando?
- Não, fui demitida hoje, mas creio que em breve eu consigo um novo emprego, não fico muito tempo desempregada mesmo.
- Eu também, estou afastado do trabalho pelo INSS, mas continuo me virando como você pode ver.
- Quanto estão as balas?
-R$ 00,50 centavos.
- Me vê uma, por favor.
- Muito obrigado, moça, que Deus lhe pague.
-Moça não, Leticia, Senhor ______________.
Ele me sorriu, despediu-se e desceu do ônibus. Com ele todo o meu passado de rock e inrresponsabilidade que me acompanhou durante uma adolescência turbulenta de garota de classe média baixa que não pensava em um futuro além do que seus olhos pudessem enxergar.
Mais o tempo e a vida me transformaram em uma pessoa madura, envelheci mais rápido que meus amigos que continuaram a curtir seus momentos com intensidade e despreparo.
Hoje sinto que não me encaixo perfeitamente nem no meu antigo mundo e nem neste novo que abre as portas pra mim. Há tanto ainda pra aprender, tanto que o tempo e as oportunidades me impediram no passado que agora vivo em busca de uma auto-superação que me guia rumo a um caminho que não é de todo certo. A unica certeza que carrego é que não pertenço mais a este seu mundo, meu caro amigo.
Abri o pacote de balas e comi uma com todo o carinho de quem não despreza seu passado mas aceita seu futuro.

Um comentário:

Edson Bueno de Camargo disse...

Bala meio amarga, existe?