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domingo, julho 25, 2010

Caminhos

Porque quando ando eu observo e ao observar aprendo que mesmo existirá beleza mesmo que o caminho pareça se repetir. É por isso que, ao sentir dor, me apego as pequenas belezas de antigas paisagens por onde andei.
No passado eu chorei,gritei, senti dor... Contudo ele já passou e não pretendo perder a vida a sentir dor.
Tento intercalar meus passos entre novos e velhos caminhos, utilizando a experiência de meus gritos para me encontrar quando ando em direção a escuridão. Confesso que, por vezes, me perco e quando isso acontece, antes de tomar qualquer decisão, sento no chão e me ponho a escrever, pois palavras escritas são minha fuga e salvação, são elas as grandes companheiras que dão sentido a minha vida quando ela cisma em não sentir.
Palavras para mim são caminhos, nunca uso palavras que eu não sinto e não ouso escrever o que nunca diria a ninguém. Minhas verdades escritas são verdades vividas, entre ficção, realidade e poesia, escrevo essas letras que a mim são mais importantes que mil palavras ditas em vão ao vento.
Hoje um novo caminho se abriu no meu peito, hoje o dia não passou, apenas me doeu... Tantos simbolos, tantos signos e nenhum significado...
Por que será que levo a vida das palavras tão a sério, se tantas pessoas utilizam elas em vão?
A você que não respeita a vida das palavras, a que tenta com elas me ferir, só posso fazer uma coisa por ti, nunca te dizer nada que esperas ouvir de mim, pois só assim sua dor pode se aproximar da mesma dor que sinto agora.
Por qual caminho irei caminhar? Ainda não sei... O dia não acabou...
No meu coração apenas a certeza de que tem que ser para frente, tem que ser consciente, com passos firmes e decididos para não se arrepender das decisões tomadas e das novas rotas traçadas rumo a paz que tanto preciso tocar para sentir que minha existência, por fim, valeu a pena.

quarta-feira, julho 21, 2010

Hora de Dormir


Todos os dias, na hora de ir dormir, meu filho pede para que eu leia ou conte uma história para ele, esse é sempre um momento divertido do nosso dia, pois ficamos abraçados e podemos conversar sobre vários assuntos.
Certa noite, meu filho me surpreendeu com o seguinte pergunta:
- Mãe, eu sou um pedacinho seu, né?
-Sim filho, você é um pouco da mamãe e um pouco do papai.
- Um pedaço do papai, mais eu não sai da sua barriga?
Sorri e tentei explicar inventando uma história:
Sabe, Nicholas, todo filho é um pedacinho da mamãe com um pedacinho do papai e acontece assim , um homem e uma mulher se conhecem e percebem que ficam bem juntos, tão bem que acabam se unindo e dessa união nasce um pedacinho de amor igual você. Sabia que você é a melhor parte da mamãe e a melhor parte do papai juntas? E que mesmo que o papai e mamãe resolvam não ficar juntos como namorados você sempre vai ser o melhor de nós.
Meu filho olhou para mim com um olhar pensativo, um pouco depois sorriu e disse:
- Acho que eu entendi, mamãe, agora deixa eu contar uma história para você
Era uma vez o sol que tinha os seus filhinhos estrelas, mas ele não achava certo ficar com os filhinhos sem mamãe, porque isso é triste, daí ele falou:
- Nossa, tenho que achar uma mamãe.
Dai o filhinho disse:
- Minha mamãe pode ser a lua, porque ela é tão bonita.
Dai o sol conheceu a lua viu que ela era bonita e deixou ela ser a mamãe dos seu filhinhos, agora as estrelinhas todas podem brilhar porque moram com a lua e sol ainda é muito bonito, mais ele não pode ficar mais com a lua porque ele mora de dia e ela mora de noite. Mesmo assim eles se encontram as vezes e eles são felizes para sempre.
Depois de ouvir a história dele, coloquei ele na cama , logo ele adormeceu e eu fiquei observando sua imagem tendo em mim a certeza de que realmente esse pequenino ser é a melhor parte de mim e que nunca podemos duvidar das crianças, pois a elas foi dado o dom de poder sonhar até mesmo de olhos abertos.
Quanto a minha história pode ser um tanto de fantasia, mais que sou eu para questionar o direto do meu filho de sonhar e adimirar os pais.
LETICIA BRITO & NICHOLAS GOMES BRITO

sexta-feira, julho 16, 2010

Pesadelo

Acordou no meio da noite trêmulo sentindo o grito preso em sua garganta. Ficou meia hora olhando para o teto a procura de um ponto de luz onde pudesse concentrar seu olhar para fugir daqueles pensamentos que lhe pesavam a alma, contudo no seu quarto tudo era vazio e escuridão e não havia um local onde pudesse encontrar consolo.
Como já havia despertado, decidiu ir até o banheiro só para não continuar olhando para o nada, levantou, caminhou até a porta e ao abrir ela sentiu uma forte luz invadir seu quarto. Fechou os olhos por um impulso de proteção e com eles fechados sentiu uma mão segurando seu braço e ouviu uma voz feminina chamando seu nome:
- Fábio, Fábio.
Não suportando mais a sensação de horror, grito o mais alto que podia.
Acordou ao lado de uma mulher que o olhava assustada,continuava deitado no mesmo quarto vazio, contudo agora a luz da lua invadia o comodo e o cheiro do perfume da mulher lhe trazia alguma paz para o espirito.
- O que houve com você, Fábio?
- Quem é você?
- Como assim. quem sou eu? Sou sua mulher
- Eu sou sozinho.
- Não mais, lembra nos casamos hoje.
- Não, não pode ser, eu sou sozinho e sempre serei.
Ao dizer isso, jogou seu corpo sobre o corpo da mulher, pegou em seu pescoço e começou a enforca-la, queria que ela desaparecesse do seu pequeno mundo com aquela fraca luz do luar. Alguns minutos depois, percebeu que a mulher não mais tentava se esquivar dele, tirou as mãos dela e viu seu corpo sem vida cair no colchão.
Levantou, foi até a porta e acendeu a luz do quarto, com a luz acessa olhou para o chão e viu um bonito vestido de noiva jogado ao lado da cama. Começou a chorar feito criança, pois agora tinha a consciência de que havia matado seu grande amor, sua dor era tão grande que num choro profundo fechou os olhos...
Quando abriu os olhos estava novamente deitado em sua cama, no seu quarto escuro, nas suas quatro paredes, no seu mundo... Esticou os braços que bateram no chão e as pontas dos seus dedos encontraram seu caderno de rascunhos, pegou o caderno e caminho até sua escrivaninha, sentou-se na cadeira e quando ia começar a escrever olhou um pouco mais a frente e viu um par de alianças jogadas num canto ao lado da foto de uma bela mulher.
Estaria ele condenado a viver sempre sozinho na segurança de seu pequeno quarto? Não querendo pensar muito e para encerrar o assunto, pegou a caneta e escreveu em seu caderno:
Meu maior pesadelo é a certeza de saber que estou eternamente preso no universo que criei dentro de mim...

segunda-feira, julho 12, 2010

A Musica

" Como dois estranhos, cada um na sua estrada nos deparamos,
numa esquina ou num lugar comum.
E ai, quais são seus planos?
Eu até que tenho vários.
Se me acompanhar no caminho posso te contar".
DOIS, Tiê


Em um dia como outro qualquer me peguei ao ouvir essa musica como se ela fosse um hino que levava meu pensamento direto a você. Foi engraçado e até estranho perceber o quanto aos poucos eu começava a pensar em ti, fazendo com que brotasse em mim a vontade de abrir as portas da minha vida para deixa-lo entrar.

Você começou para mim assim, como letra distante num rascunho encomendado, aos poucos minhas letras ganharam a força da poesia e num doce encontro com sua pura melodia, me vi em uma estrada nova compondo a letra da mais bela canção que vai dizer com simplicidade ao teu coração que serei completamente sua enquanto quiseres ser meu.

E, por fim, sinto como se tivesse realizado um antigo sonho onde eu encontraria alguém que soubesse tocar (e me tocar) e para quem eu pudesse escrever, fazendo com que nossas vidas fossem preenchidas com muita musica e poesia

OBRIGADA, BRUNO GRANDOLPHO, POR FAZER PARTE DOS MEUS DIAS.

domingo, julho 11, 2010

Perdida

Quando a alma fala através das pontas dos meus dedos e as palavras aqui jogadas passam a fazer algum sentido, sinto como se estivesse mais uma vez ao teu lado. Mesmo acordando todos os dias em meio a um universo paralelo que não me pertence, tenho as noites onde em meio aos sonhos posso encontrar mil versões do teu sorriso: do colorido ao preto e branco, com lágrimas ou afeto... Todos eles sempre meus...
Entre o tudo e o nada um grande ponto de interrogação, entre o orgulho e o desejo minha eterna maldição. Ser mulher do jeito que sou, tornando-me forte ao sabor amargo da vida, muitas vezes parecendo perdida e sempre cheia de uma certeza concreta e linda:
- Preciso caminhar.
Ando por esse mundo com a força que tu me destes, com os olhos claros que a natureza me presenteou e com a alma escura que em mim você deixou.
Escrever com a alma é isso, atirar-se dentro de um abismo desconhecido e lá no fundo ser capaz de encontrar uma linda e rara flor.
- Quem sabe em uma dessas quedas não encontraremos o amor?

terça-feira, julho 06, 2010

Sobre a Chuva


Muitas pessoas detestam a chuva por acreditarem que ela leva em suas águas todas as possibilidades de se aproveitar o dia. Eu, particularmente, gosto dela, pois ela sempre me remete a lembranças doces que guardo em mim. Foi na chuva que corri com minha melhor amiga na esperança de renovar o nosso espirito para aceitar as mudanças que a adolescência nos trazia. Foi em meio a chuva que andei cantando e chorando sozinha quando a dor foi grande e eu tive que mudar, me renovei nas águas deixando a menina e aceitando a mulher que dela nascia. Ainda nela caminhei pela Paulista sozinha após sair da minha primeira entrevista de emprego e do meu primeiro não, olhava as pessoas correndo com seus guarda-chuvas e pensava:
- Por que o medo se isso é apenas água?
Também tive momentos marcantes com os amores que tive na vida: caminhei para renovar um amor conturbado ensinando ao meu parceiro que podiamos ser livres enquanto o mundo se preocupava em correr. Vi a chuva despencar do céu com força no dia em que deixei meu "poeta maldito" sem olhar para trás. Minha amiga liquida me fez companhia também no dia em que disse adeus a um poeta de ego imenso que por um lapso resolveu me amar, pena que eu nunca pude sentir o mesmo também...
Em Curitiba, lugar onde por três dias me senti parte de uma família, senti a chuva chegando e brincando com o rosto do meu filho que se divertia com a chuva caindo em seu pequeno rosto. Alguns anos depois vi em seu rosto não a felicidade antiga, amis o pavor de quem esqueceu da beleza das gotas e guardou em seu coração apenas o barulho do trovão. Espero que um dia esse medo se acabe...
Tantos foram meus momentos na chuva, tão belos e cheio de significados, contudo o que eu vou narrar aconteceu em outra vida, em um lugar comum, teve a duração de um momento que se eternizou, a história começa mais ou menos assim:
Ela, desanimada, voltava do trabalho sentindo que perdia a vida, pois não lutava por nada, não esperava encontrar ou ganhar nada, preocupava-se apenas com o dinheiro que tinha que conseguir para ela e seu filho viverem em paz. Saindo do metrô a chuva começou a cair,ela não tinha medo da chuva, por isso resolveu caminhar sem abrir o guarda-chuva até o ponto de ônibus. Quando ia chegando ao ponto viu seu ônibus indo embora, não queria correr, estava cansada, por isso permaneceu na cobertura sozinha a espera da próxima condução, contudo o que chegou não foi um carro, antes mais uma pessoa perdida num dia frio de chuva. Ele olhou para ela e sorriu, ela retribui, lembrou que já tinha visto o rapaz a alguns dias atrás enquanto voltava para a casa no mesmo ônibus. Começaram a conversar e entre palavras e sorrisos se aproximaram, talvez por frio ou por atração, mais o fato é que ele pediu para pegar em sua mão e a moça sem censurar seus gestos permitiu. Ficaram ali, um segurando na mão do outro enquanto conversavam sobre assuntos banais. O ônibus dos dois finalmente chegou, soltaram as mãos para entrar no carro, já sentados um do lado do outro deram as mãos novamente e permaneceram assim por toda a viagem apenas adimirando suas mãos juntas numa singela troca de intimidade.
Chegado o ponto da moça ela deu sinal, olhou bem nos olhos do rapaz, aproximou-se dele como quem fosse beijar-lhe os lábios, mas acabou por beijar seu rosto, levantou e quando saiu do ônibus não olhou para trás.
Quando entrou em casa, sentiu-se renovada, pois naquele momento fora tocada de maneira singela e pura, naqueles segundos eternos teve um parceiro, um amante, um companheiro que com um simples gesto lhe vez lembrar que o belo da vida é acreditar no poder das pequenas felicidades clandestinas. Ela nunca mais o encontrou mais por toda uma eternidade vai guardar a beleza escondida no simples gesto de oferecer as mãos.