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segunda-feira, agosto 24, 2009

Onde estão os Quixotes?

Por esses dias recebi um email com o seguinte assunto: Professores (não deixem de ler). Nem preciso dizer que me interessei imediatamente, afinal, sou uma estudante de Pedagogia prestes a me formar e declaradamente apaixonada pela minha área.
A mensagem relatava a história de uma professora muito observadora que ao ler uma matéria super interessate na revista "Veja" sobre como os estudantes de origem japonesa estão conquistando os cargos mais importantes no mercado de trabalho e tudo isso devido ao seus incansáveis esforços em seus estudos que, segundo a matéria, tomam metade do tempo livre desses jovens e crianças. (interessante, não?)
Essa matéria foi tão significativa para a professora que ela resolveu observar se essses dados eram verdadeiros, como cobaia, utilizou a sobrinha da sua coordenadora pedagógica que havia voltado recentemente do Japão e visitava a escola onde a tia trabalhava. Quando a professora notou a cara de horror que a menina ficou quando observou as salas cheias, com alunos que falavam o tempo todo e não respeitavam a autoridade das professoras, ela se encantou definitivamente pelos alunos japoneses. Ao perguntar para a menina o que acontecia com as crianças que tinham esse comportamente no Japão recebeu a seguinte resposta: Ficam de castigo. E qual é castigo: Não sei, nunca ninguém ficou.
Depois de ler essa matéria e conversar com a menina a conclusão a qual a pessoa chegou foi que o grande problema da educação está nas crianças brasileiras que não são educadas para os estudos, pois seus pais as deixam nas mãos das pobres professoras que ficam responsáveis por toda a criação da criança e ainda ganham mal.
Sim, era mais um email que falava sobre os baixos salários dos professores e da desvalorização dos mesmo que são sempre tão ofendidos com os seus cursos de capacitação e reciclagem. Também não concordo com esses termos para os cursos oferecidos ao professorado, contudo, creio que isso não deveria ofender nenhum docente, afinal, quem escolheu essa profissão deveria ter a consciência de que estudaria para além da faculdade.
O ponto que mais me deixou indignada foi o da comparação entre estudantes brasileiros e japoneses, creio que essa discussão não deveria nem mesmo existir, afinal, são culturas diferentes, não dá pra dizer quem é certo ou errado, além disso, essa visão de que tudo o que nos é diferente é melhor não cai bem para uma pessoa que se dispõem a exercer a função de professor.
Creio que um dos principais problemas da pedagogia no Brasil é que nós nunca criamos uma pedagogia que pudesse ser chamda de pedagogia brasileira, nós sempre seguimos os exemplos de fora, sem levar em consideração o fato dos alunos brasileiros serem culturalmente diferentes dos alunos que podiamos encontrar nos países que nos importam pedagogias.
De fato, o que falta em nosso país são Quixotes, aqueles sonhadores que acreditam no sucesso das batalhas que parecem perdidas, aqueles que arriscam ir contra todas as expectativas e lutar por causas que merecem atenção e suor.
Não sou adepta de Paulo Freire, mais tenho que adimitir que um dia ele teve um sonho, ele lutou contra um grande moinho que transformou seu sistema em mobral. E mesmo agora, depois da sua morte e das suas releituras em meio a cursos de formação, consegue tocar alguns poucos Quixotes escondidos, pena que ao contrário do que ele gostaria parece não existir apoio aos que tentam supera-lo. Dai caimos mais uma vez na rede das comparações e tudo isso porque não conseguimos seguir em frente, apenas aproveitamos o que parece que dá certo em algumas situações.
Como futura educadora só posso questionar, me indignar e esperar que um dia a situação mude e possamos enxergar qualidades em nosso país e em nossos alunos.

Um comentário:

Thiago Almeida disse...

Achei perfeita sua colocação quando mencionou a falta de norte que a pedagogia brasileira tem, sempre tomando como exemplo, aplicações pedagógicas fora de nossa realidade.
Bem, creio que a mudança de ensino no Brasil, deveria ser radical. Teremos uma evolução no ensino quando invertermos está pirâmide. Oras, os doutores e mestres, não deveriam tratar adultos em universidades, e sim, cuidar da formação destes que serão adultos no amanhã. Na fase mais delicada da vida, que é a nossa formação (de caráter pessoal e social), temos que nos deparar com formulas prontas, falta de senso crítico, tratando professores primários como "babas", enfim, já podemos c-o-m-e-ç-a-r a discussão por aí.
Se pensarmos bem, saímos da escola e mal lembramos o que é Baskara, que foi o expoente da Revolta da Vacina, o que é hiato... Isso deve ser aplicado no ensino de base!? Lógico! Porém, creio que a questão social deveria ser mais exaltada. É o ser social que está sendo formado na escola, principalmente.

Então, esse debate é longe e bastante salutar.
Gostei muito do seu blog e visitarei com mais freqüência!

Até mais, Leticia!
Está de parabéns!!!