Quando a unica solução é implorar por misericórdia, acredite, não existe mais solução...
Corria como louca pela rua, queria se distanciar o máximo possível de tudo aquilo que viu, mas aquela presença não parava de lhe perseguir, era como se tudo fizesse parte de um palco aberto, onde ele a observava da platéia com paciência, esperando apenas pelo inevitável: sua queda.
Exausta, parou no meio do caminho, olhou para os lados estava então no meio do parque central. Era uma noite muito fria até para os moradores de rua, por isso o local estava deserto, apenas o vento e a garota que, num ato de desesperou, deixou seu corpo cair no chão. Fechou os olhos desejando que o tempo pudesse voltar atrás.
Acordou assustada em sua cama, estava com uma forte dor de cabeça a lhe incomodar, olhou para o seu lado e qual não foi o seu espanto ao perceber que na cadeira sentado estava ele que, pacientemente, lia o seu inseparável livro de histórias.
Levantou de sua cama de forma tão rápida que caiu sentada no chão, ele então fechou seu livro e caminhou até seu encontro. Seu desejo era correr, mas suas forças não lhe permitiam, por isso, simplesmente deixou ele se aproximar e quando ele parou ao seu lado inclino seu corpo para frente e lhe agarrou as pernas. Sem olhar diretamente em seu rosto começou a falar:
- Me deixa ficar aqui mais um pouco, não faça nada de mau comigo, por favor.
- Não posso fazer nada por você, esse é o curso natural das coisas.
- Mas eu tenho medo, tenha misericórdia de mim.
- Meu dever não é sentir, meu dever e executar.
Ergueu a garota com uma de suas mãos até que ela pudesse ficar cara a cara com ele, não saberia descrever os horrores que ela pode ver através de seus olhos que, na verdade, eram dois buracos escuros no meio de um rosto pálido. Somente sei que ela gritava com tanto pavor que seu corpo inteiro se contorcia tentando escapar de todo aquele terror, contudo suas forças eram minimas, logo não resistiu e desmaiou...
Acordou, olhou para o cabide com o belo vestido branco e para o sorriso de sua mãe que estava super empolgada com o casamento da filha, finalmente, ela iria tirar toda a família da situação difícil na qual viviam atualmente por causa das dividas de jogos de seu pai. A garota iria se casar com um moço de excelente família que ganhara a benção do pai da menina em um dos jogos.
Quase final da cerimônia, no momento em que o noivo se preparava para beijar a noiva, um casal de vestes negras conversavam no fundo da igreja:
- Tinha mesmo que acabar assim, você não poderia ter deixado eu ajudar a garota a minha maneira?
- Claro que não, minha irmã, afinal, mais certo que a morte apenas o destino do qual nenhum ser humano pode escapar.
Foram então embora, os dois sem olhar para trás, o Destino com a sensação de dever cumprido, a Morte apenas com o gosto da espera, pois sabia que em breve seria sua vez de visitar a menina.
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