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quarta-feira, outubro 14, 2009

Nostalgia


Hoje mergulhei no meu passado, não no do ano passado, mais num tempo mais distante onde quem me olhava conseguia adivinhar: Ela possui um belo coração.
Era então menina, tão menina que queria ser mulher, creio que esse foi meu erro, acreditar que eu tinha que perder todo o meu encanto em nome da minha evolução, hoje, sou fria, distante. Desejo, mais fujo, chamo, mais calo, onde foi parar a bela voz que eu possuia?
Pensando no amor cheguei a conclusão de que eu nunca fui amada, mais em meio a minha nostalgia voltei a anos atrás, num tempo onde o maior gesto de carinho de um alguém foi dormir comigo, apenas permanecer abraçado por uma noite inteira me esquentando para que o frio aqui de dentro passasse.
Na manhã seguinte tomamos café sorrindo, conversamos sobre tudo o que podiamos conversar, em seguida ele me acompanhou ao ponto de ônibus e permanecemos de mãos dadas e calados, tão quietos que ao abraça-lo pude ouvir as batidas do seu coração. Quando o ônibus chegou nos olhamos, nos beijamos e ele disse:

- Até um dia.

-Até, moço.

Embarquei e dentro do ônibus uma unica certeza: eu nunca mais o verei, eu sei. Com o olhar parado eu observava o caminho de volta para casa, quando de repente meu telefone tocou, era ele.

- Só para você não se esquecer e saber, eu te amo com tanta força e com um amor tão grande que só de pensar em ti desejo escrever mil poesias. Eu sei que nunca mais amarei ninguém desse jeito. Beijos, musica e poesia.

-Moço...

Não deu tempo nem de pensar, ele tinha desligado.
Voltando do trabalho por esses tempos num caminho que parecia longo como aquele, lembrei dessa cena, senti saudades e uma estranha vontade de chorar , saudades do abraço puro, de ser amada de forma honesta onde o desejo podia ser encontrado, mais o carinho era a base de tudo.
Em meio a minha tristeza, eis que surgi um vendedor de cocada caseira, o doce cheiro do coco me levou novamente a minha infância e nos olhos do vendedor pude encontrar a imagem do meu avô que por tanto tempo também vendeu cocada. Imediatamente comprei uma, na primeira mordida voltei a minha infância. A sensação foi magnifica, a paz imensa e mesmo tendo a consciência de que eu era agora adulta, sorri como a criança que vê o arco-iris depois da chuva.
Minha nostalgia me fez enxergar que ao contrário do que eu pensava nessa vida eu já fui amada e, por Deus, também feliz. O que vai me impedir novamente de ser?

Um comentário:

Cristina Violante disse...

Que bela poesia, fico orgulhosa em sabe que puxei pela sua lembrança.
Será amada sim!
E nos contará que etá vivendo o amor que não sonhava que existia.