Tem dias que a gente se sente morta, sem saber que na verdade não existimos a muito tempo.
Eu morro um pouco todos dias, e todos os dias sou subistituida por um alguém que nunca vi. Essa estranha que hoje escreve não é mais a menina que ontem cantava nem a que antes de ontem dançava distribuindo alegria. Hoje acordei amarga, uma mulher sem charme e quieta, amanhã certamente não sei o que serei.
Quisera eu ser uma bailarina, uma tola bailarina com movimentos delicados e precisos a rodopiar numa praia, distribuindo sorrisos com um belo vestido azul. Mas meu vestido foi rasgado, tenho as pernas tortas e toda a minha delicadeza fora transformada em força, força para viver em meio a um mundo que eu não escolhi, mas que me escolheu.
Minha dança é a imperfeição, valso todas as noites a valsa da solidão a espera que um dia, ao menos um dia, acorde com meias azuis.
Se meu vestido rasgou-se com o tempo, inventarei novas formas de aos poucos fazer-me bela para sentir-me viva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário