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terça-feira, julho 28, 2009

Suicídio

-Um ou dois comprimidos?
- Acho que é pouco para resolver meus problemas, bom mesmo seria tomar a cartela inteira e me entregar de vez aos braços da morte. Ao menos seria um alguém para me abraçar nesta noite fria.
Era dia 12 de junho, data onde as pessoas se lembravam de olhar para o lado e agradecer por não estarem sós na vida. Não era o caso daquela guria, tudo o que ela tinha ao seu lado era a dor de quem nunca soube o que era comemorar esse dia.
Seu primeiro namorado morava longe demais e achava que isso não era tão importante assim, afinal, mais vale uma vida do que apenas um dia... Pena que eles nunca tiveram um vida juntos.
E foi assim ao longo de todos seus relacionamentos, muita besteira, capitalismo, bobagem sem tamanho. Foram tantas as desculpas que ela foi se aconstumando, até que chegou o dia em que ela realmente não mais se importava.
Então porque a lembraça naquela noite? Qual era a importância da sua existência? O que aquelas palavras em seu celular queriam lhe dizer?
Uma perturbação tão forte tomou sua cabeça que tudo o que ela sabia fazer era se lembrar de frases soltas que agora vinham a tona na sua cabeça:
"Eu gosto do teu cheiro.", "Seu beijo não é novo pra mim, você não é novidade.","Eu não sabia que te amava tanto.", "Não acredito que você fez isso de novo.", " Sempre teremos a lua," "Te dei aquela aliança porque fiquei com pena de você. todos estavam falando mal de ti."," Prometo que ano que vêm voltamos aqui com nosso filho, seremos felizes.", "Isso pra mim não tem importância.", "Eu quero você inteira.", "Adeus."
Todos aquelas frases rodando em sua cabeça como um grande castigo, as lágrimas cairam de seus olhos com um peso grotesco. Queria tanto acordar daquele pesadelo, mais aquilo não era um sonho ruim, era sua vida que corria como tem que correr.
Num ato de puro desespero pegou a cartela de comprimidos, resolveu que o melhor seria engolir todas as pilulas.
Tomou a primeira...normal, sempre tomava uma. Quando ia chegar na segunda ouviu do escuro:
- Mãe, cadê você?
Sua mão tremeu, jogou a cartela no chão, por fim, era fraca demais para tudo aquilo, não conseguiria desfazer-se de sua vida quando ela não mais lhe pertencia.
Pegou a cartela do chão e vagamente pensou:
- Daqui a 16 anos talvez.
Enxugou suas lágrimas, caminhou para o quarto e fez a criança dormir novamente, em seguidaligou a televisão e foi assitir um lindo filme que falava de amor.

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