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quinta-feira, julho 23, 2009

O Que Eu Também Não Entendo


Sabes meu filho, eu tenho que lhe confessar, mesmo sendo grandona desse jeito existem muitas coisas que eu também não entendo.
Eu não entendo como eu posso fazer você chorar nos dias em que o trabalho me deixa muito cansada, afinal, eu trabalho por ti, para que nunca lhe falte nada e você possa sempre sorrir.
Eu não entendo como posso pensar o dia inteiro em ficar do teu lado, brincar contigo, se quando eu estou em casa tudo o que faço é te afastar, para que eu possa fazer minhas obrigações em paz, para que eu possa escrever sem interrupções.
Eu não entendo como eu posso te ensinar a rezar se eu mesma estou perdendo a minha fé.
Eu não entendo como posso querer que você respeite sua família se nem ao menos consegui lhe dar uma, tudo o que lhe dei foi uma vida de incertezas, entre uma casa e outra o amor de muitas pessoas e minha desatenção materna.
Eu não entendo como pude lhe ensinar a gostar de Oswaldo Montenegro, quando deveria lhe apresentar mil cantigas infantis que fizessem você sonhar e preservar sua inocência.
Eu não consigo acreditar que no meu anseio de criar uma pessoa forte me esqueci de que você é apenas uma criança e tudo o que você precisava era de paz para descobrir o mundo sozinho, assim, aos pouquinhos.
Eu te fiz intenso, com quase três anos tens mas questões na cabeça que muitos adultos que não sabem dizer quem são.
Creio que minha unica defesa é ser honesta e confessar: Me perdoe, meu filho, pois a mamãe também não entende nada, sobre a vida eu só sei que devemos viver.
Meu filhote de filosofia, não nascestes Sophia, mas em tão tenra idade já sabes questionar. Tudo o que eu desejo é que sejas grandes e um dia possas me perdoar, por esse amor irresponsável, marca registrada dessa mãe desengonçada

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