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terça-feira, novembro 04, 2008

Iconoclasta


As mentiras cotidianas, o caos da falsidade diária, a arrogância concreta. Estava farta daquele ambiente, queria fugir para um local onde houvesse o mar, onde pudesse pisar na areia e sentir os grãos gelados da despreocupação ao seu redor.

Porém, morava na cidade com concreto ao redor e pesadelos na esquina, não sabia se portar como uma boa filha, tão pouco como uma boa figura de familia. Era o mostro de si mesma e se auto destruia desde o momento em que abria os olhos para o mundo.

O que fazer para ser igual?

Na verdade ela não queria ser igual, não pretendia ser como a mulher zelosa que cuida da casa como se esta fosse sua própria essência, mas ao mesmo tempo desejava ter um porto seguro onde pudesse se esconder do tempo e de suas tempestades internas.

Era uma mulher diferente, se acaso mulher era, um desses tipos apagados que anda com a cabeça pra frente e o sorriso no peito. Não gostava de sua imagem, mas também não desistia de si mesma.

O que dizer dessa figura? Como contar sua trágica historia?

Simples...


Um dia ela resolveu destruir tudo ao seu redor.

Pegou a garota dos seus pesadelos conjugais e a afogou em um balde de água cheio de petalas de flores azuis. Matou-a com a sua raridade intacta.

Alugou uma maquina dessas pesadas de construtor e de uma só vez lançou a grande bola de ferro em direção ao seu portão. A poeira que subiu da antiga construção tinha cheiro de liberdade, mas não deixou de sentir dor.

Chorando, rasgou seus poemas, escritos por ela, por ele, por todos aqueles que ousaram lhe desafiar em palavras e planos. Foi ousada ao se desfazer das palavras aceitando seu silêncio.

Matou seu amor maternal(infernal) e o transformou em algo maduro, entendeu que por mais que lhe doa o destino de seu rebento e crescer e ser livre. Desfez o nó, mas não o jogou de escanteio.

Por ultimo, olhou seu amado, aquele que lhe causava arrepios, dores de estômago e queimação na face, beijou seus lábios e o matou. Com sutiz machadadas desmembrou aquele corpo desejado, aquele ser amado foi destruido para nunca mais viver....


Depois de toda essa destruição, sentiu-se tonta e caiu no chão. Ao acordar, muito pouco lhe restava, mas em meio ao um imenso vazio algo brilhava. Era forte, intenso e caminhava em sua direção.

Aos seus pés pode ver um homem, não era aquele com quem sonhava, ele já não carregava aquela imagem desbotada, era outro, mas era, e estendia as mãos para ela em uma grande promessa de amor mortal.

Aceitou sua oferta, desistiu de destruir e resolveu construir uma vida verdadeira, sem fantasias ou falsidades, apenas a realidade. Neste dia deixou de construir seus sonhos em areia e passou a cultivar flores amarelas e simples em um jardim que era alimentado pelo ânimo infantil do fruto daquele amor: Seu filho.

Um comentário:

Rodrigo Sioly disse...

Voce deve ser professora neh?!

pelas suas palavras aparenta ser...

parabens belo post...

beijão!