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sábado, agosto 25, 2007

Valsa da solidão


Tem dias que a gente se sente morta, sem saber que na verdade não existimos a muito tempo.
Eu morro um pouco todos dias, e todos os dias sou subistituida por um alguém que nunca vi. Essa estranha que hoje escreve não é mais a menina que ontem cantava nem a que antes de ontem dançava distribuindo alegria. Hoje acordei amarga, uma mulher sem charme e quieta, amanhã certamente não sei o que serei.

Quisera eu ser uma bailarina, uma tola bailarina com movimentos delicados e precisos a rodopiar numa praia, distribuindo sorrisos com um belo vestido azul. Mas meu vestido foi rasgado, tenho as pernas tortas e toda a minha delicadeza fora transformada em força, força para viver em meio a um mundo que eu não escolhi, mas que me escolheu.
Minha dança é a imperfeição, valso todas as noites a valsa da solidão a espera que um dia, ao menos um dia, acorde com meias azuis.
Se meu vestido rasgou-se com o tempo, inventarei novas formas de aos poucos fazer-me bela para sentir-me viva.

quarta-feira, agosto 22, 2007




Tudo começou com um pensamento, que virou uma possibilidade e depois tornou-se fato em minha vida.
Flertar com a angustia não é a pior coisa, o problema esta em viver angustiada. A fraqueza toma conta da sua mente, e quando você menos percebe está chorando com uma música qualquer.
Se eu não fosse tão sentimental não seria quem eu sou, seria um corpo perdido no espaço, mas será que estaria eu mais feliz?
Talvez...
As estrelas parecem possuir um brilho de felicidade em si. Mas agora é hora de estar com os pés no chão e a cabeça aonde deveria estar, no espaço cotidiano do real, sem sonhos, apenas metas.
Crescer é tão cumprido, sempre digo isso, e em meio ao meu crescimento vou lutando para conservar em mim antigos ideais, pois por mais que a vida me mude ela não pode alterar aquilo que no fundo conservo: minha essência.
Quem sabe amanhã o dia amanheça mais claro para mim, essa angustia que me aflige voe para o espaço das causas perdidas e deixe meu coração livre da insegurança de não saber ao certo quem eu sou.

quinta-feira, agosto 09, 2007

O Grito Principia o Belo Canto


Um desconforto pela madrugada, um suor sem hora nem porque escorrendo pela testa. Pela manhã, café e espera. O que será que aconteceria?
Uma viagem de carro, curta e longa ao mesmo tempo. Aquela viagem era sem volta, pois mesmo retornando para casa eu nunca mais seria a mesma pessoa.
Uma dor começa me rasgar o corpo, parecia a dor da morte, mas sabia que era a vida que se anunciava. Sentia uma ansiedade que aos poucos transformava-se em medo, a cada minuto que se passava queria dar um fim naquela situação, mas não conseguiu. Descobri minha maior fraqueza naquele dia, quem diria que logo eu não suportaria o fato de ficar sozinha.
Foi a mão que me apoiou, um rosto conhecido e presente me deu forças para aguentar a confusão, misturada ao extase da espera, ao desejo de possuir algo novo, vida nova.
Passaram-se horas, pela janela eu via o tempo passar, e a cada minuto o desejo de não perder a coragem, a força, mas toda vez que aquela mão se ausentava um novo desespero brotava em mim. A loucura nos meus olhos era medo e desejo, e ninguém além de mim pode senti-la.
Oito horas, a hora marcada para o grande momento, já não conseguia andar direito, já não conseguia raciocionar direito, tudo que eu queria era que tudo aquilo acaba-se. Mas nova história ai se iniciou, me privaram da unica coisa que me dav apoio, daquela mão, daquele rosto que eu nunca mais ei de esquecer.
Resultado, não tive forças, não queria ter forças se não fosse junto daquela presença. Eu flertava com a morte, a olhava nos olhos e a única coisa que desejava era a força de mãos que não eram as minhas, nem aquelas que me cobravam força.
Quando olhei para o lado e lhe vi, tudo em mim se acalmou, sua mão quente na minha, seu olhar ansioso a me olhar. Não sei de que profundidade, se da alma ou do corpo, tirei mais um vestigio de força e num grito que parecia ser o maior que eu já dei em minha vida minha missão eu cumpri.
Quando todos sairam e fiquei por uns instantes sozinha minha vontade foi a de chorar, mas quando avistei ele com aquela figura tão pura conhecida-desconhecida nós braços sentia algo parecido com a felicidade dos deuses.
Naquele momento em que eu olhei o fruto do meu trabalho pela primeira vez, nos braços de uma presença tão amada, foi como se eu ouvisse tocar uma música, uma bela melodica ao longe. Se eu pudesse pararia minha vida naquele instante, pois naquele dia eu fui uma com a força de dois que esperavam de mim simplismente amor.

Hoje faz um ano que de presença no mundo, me transformei em alguém com sentido e objetivos para viver. Dou graças a existencia do meu filho Nicholas, fruto do amor mais puro e sincero que já vivi. Se hoje vejo sentido na vida, vejo porque teus puros olhos me fizeram crescer e desejar algo maior.