Estamos presos a esta terra que não nos pertence, sentindo apertardo o coração toda vez que um raio de luar ousa iluminar nossa existência.
Somos diferentes dessa gente que anda pelas ruas sem se quer notar o movimento que o mundo faz, um movimento tão sutil que só os mais puros de alma podem sentir.
Os demais preferem ver concreto, preferem o cheiro da fumaça o aspecto triste do asfalto a notar as timidas e poucas árvores que ainda ousam viver na cidade.
Não, não somos seres extra-terrenos, somos semelhantes a esta raça com um único diferencial: conservamos a humanidade em nossos peitos e aceitamos as escolhas que fazemos pela vida e para a vida.
Nosso planeta fora destruido por seres diminutos como vocês que apontam o dedo em nossos rostos e gritam:
- Parem com isso, não existe livre arbítrio.
Acredite, por mais belos que possamos parecer ainda temos a necessidade de respirar o mesmo ar que vocês.Isso nos torna seres calados, pois já não suportamos gastar o ar de nossos pulmões com gente medíocre como esta que nos rodeia, que clama tanto por igualdade, liberdade e estão tão presas a si mesmas.
Vivemos em bandos espalhados, bandos que por vezes se encontram, estamos sempre armados de nossas palavras, algumas mais simples, outras complexas, porém, todas jogadas, vomitadas, para nunca perderem a essência da divina inspiração.
Um dia desses eu vi um elfo encantado a voar no meu jardim imaginário, num vôo longo, desesperado, caiu aos meus pés desajeitado e numa cautelosa manobra fez parar por um segundo meu coração.
Me aproximei dele e disse:
- Bem vindo meu irmão, este é o mundo em que nós condenaram a viver, nele não tem magia, nem cores, nem rima, apenas pessoas um tanto vazias.
Me olhava desesperado, com o desespero próprio de quem no deserto busca por água e não encontra. Peguei em suas mãos, olhei em seus belissímos olhos e lhe disse:
- Não te preocupas, pois por esta vida ei de te ajudar, tornando os dias mais suportáveis, as noites menos frias, levando ao teu coração um pouco da poesia do nosso antigo mundo.
Naquele dia eu deixei de ser exemplar único da minha espécie, despi minhas vestes apertadas e mostrei a ele as minhas asas que mesmo entrevadas ainda desejavam voar, um vôo intenso, bonito, divino que só o verdadeiro amor pode fazer brotar.
Por hora minhas asas ainda estão se recuperando, minhas feridas se cicatrizando. Aos poucos volto a voar, com os olhos fechados a sonhar com aquele que fora o nosso verdadeiro lugar.
Não, não somos desse mundo, mas aceito este mundo e nele vou crescer, vou te ver crescer, pois ninguém pode nos dizer até onde chegaremos e o que devemos fazer.
Um movimento pelos sonhos, um desejo de alcançar o mais alto que nossa existência possa tocar e imaginar.
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