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segunda-feira, dezembro 26, 2005

Relatos D'alma

Esta crônica possui fragmentos da minha vida divididos por etapas que passei, experiências que vivi, pessoas que conheci. Foi escrita para uma pessoa em especial.
Espero que não seja tão tedioso ler as entrelinhas da minha história.

Relatos D’alma

Podia lhes falar da vez em que encontrei uma rosa furta cor em meio ao jardim da minha avó, ou quem sabe sobre aquela vez em que encontrei uma menina que roubou muito dos meus brinquedos pelo simples fato de eu Ter confiado nela.

Teve a vez em que ganhei meu ursinho de pelúcia com o qual até hoje eu durmo, e quando eu fazia minhas aulas de balé clássico e Jazz, onde eu sonhava em ser grande e voar com a música.

Dos longos papos que batia sentada no muro com meu primo ou das invações e roubos de amora na casa vizinha e abandonada...

Mas tudo isso é tão infantil, melhor deixa-las no passado e na memória para que nunca percam sua pureza.

Posso então lhes relatar como foi estranho o meu primeiro encontro com um sutiã, ou mesmo com o primeiro absorvente, sentia-me tão constrangida com ambos que desejava ser invisível.

Do meu encontro com as letras e com os poetas, bem como o encontro com minha queria professora Beth que tinha o Dom de me fazer viajar na beleza das palavras. Do meu querido amigo-poeta que tanto me desagradou num primeiro instante para depois vir a admira-lo e a ama-lo, sim ele é um grande amigo, louco, mas lírico.

Teve também meu encontro com aquela que seria minha grande amiga e mais tarde, por amor, me levaria a perdição. Sim, eu confiei ( e confio, acho) nela e quanto eu me machuquei por tamanha confiança.

Nesta época também encontrei meu primeiro amor, bem como minha primeira grande decepção.

Conheci a música de Renato e com ele aprendi a Ter ‘Força Sempre’.

Mas tudo isso é tão adolescente que não vale a pena ser citado, pois assim perderia seu valor como grande lição.

Já sei, poderia lhes falar sobre meu encontro com uma moça que acreditava que eu seria uma grande modelo, muitos desfiles, fotos e agências depois me cansei. Faltava-me algo que a moda nunca poderia me proporcionar, desisti de tudo...

Melhor mudarmos de assunto, falemos da vez em que descobri as maravilhas do mundo virtual e de como nele podia conhecer pessoas interessantes e que valem a pena. Encontrei grandes amigos, alguns distantes, alguns próximos, mas todos com o mesmo valor a mim. Pena que ás vezes a ausência de carinho faça tão mal...

Fato que também não posso me esquecer é o encontro com meu querido-maldito poeta profano, ou poeta da noite, que tantas belas letras me inspirou a escrever, mas todas sempre tão nulas de sentido, afinal, elas jamais caíram em suas mãos ou ele as lera. Fica então sendo minha a recordação.

Ter tido sua presença-ausência foi algo valoroso a mim, pois aprendi a acreditar na beleza, assim como amar a música e a poesia com mais profundidade e intensidade que outrora. Sim, eu fui uma alegre infeliz ao lado dele.

Não poderia também me esquecer do meu querido amigo poeta anarquista que sonha em viajar pelo âmago da palavra em seu trem maravilhoso que tanta beleza nos trás. Talvez um dos poetas de ego mais inflados que eu conheça, mas de uma alma tão grande capaz de abraçar o mundo e entender almas que se escondem como a minha. Sim, eu encontrei um amigo, pena que nossa amizade foi profanada por interesses banais... Tudo bem, creio que um dia as coisas se resolvam e eu voltarei a me perder em meio a discursões literárias na Paulista.

Ah! Não posso me esquecer do meu encontro com as crianças, como eu estava assustada, parecia que aqueles pequeninos eram mais fortes que eu e a qualquer momento poderiam me esmagar, mas com minha dissimulação e coragem consegui manter-me firme e adquirir o amor e o respeito de meus pequeninos.

Todos esses fatos são de extrema importância a mim vi, mas se os relato assim tão despretenciosamente é para por em tópicos meus momentos passados, para que possam ser lidos e entendidos por aquele a quem eu oferto minha história.

Como um sábio poeta disse: “Todo encontro deixa sempre uma marca”, posso lhes afirmar que comigo não foi diferente, pois ao encontra-lo por palavras tive a certeza que queria ouvi-las gravadas em teu olhar.

Não sei contar-lhes porque aconteceu e como se deu ao certo está tão curta história. Posso tentar lhes explicar, mas não sei se irão me entender, mesmo assim corro o riso, já não tenho mais medo.

Começou com uma resposta a um comentário, eram palavras tão belas que tive que imaginar palavras mais belas ainda para ofertar como resposta. Reposta após resposta, palavras tocantes e sensações novas, era tudo muito confuso, mas me chamavam a atenção profundamente.

Eis que saí de minha mente a citação: “Toda mulher deveria amar um garoto de 17 anos...” E assim o fiz, daquele dia em diante passei a ama-lo, não sabia se correspondida, mas amava .

Depois o inanimado, o intocável se tornou palpável e se pós ao meu alcance, juro que tentei me segurar, como das primeiras vezes em que nos vimos, mas não consegui e colocando a culpa na lua tive que me render aos meus apelos de amor puro. Lhe beijei e o mundo a mim se transformou.

Podia Ter sido rejeitada? Certamente, mas graças a tudo que tem graça não o fui, consegui obter do impulso o meu maior desejo: Ter um companheiro.

São tantas as nossas brigas e tão tolas, mas confio nesse amor que nasceu puro e sei que nenhum motivo tolo o detonará. Se isso acontecer, tudo bem, já valeu a pena Ter vivido. Pois mesmo que passemos um dia apenas ao lado do amor pleno e puro podemos nos considerar felizes por termos experimentado tal sensação.

Me disseram, certa vez que eu deveria acreditar e buscar a utopia real, não acreditei que isso seria possível, mas hoje acredito no impossível, na utopia real, pois aprendi em teus braços e admirando teus olhos que ainda vale a pena dar-se ao luxo de sonhar.

- Nossa, mãe, quem escreveu este texto tão lindo? – Perguntou Clarice

- Acreditas em sonhos antigos?

- Claro que não, mãe, os sonho devem ser renovados sempre.

- Pois é, eu também nunca acreditei, mas aprendi algo com eles sabia?

- E o que seria?

- Que fantasiar não é proibido.

- E de que vale a fantasia num mundo tão superficial como o nosso?

- Vale a pena pelo simples motivo deste lhe proporcionar experiências únicas de vida, experiências das quais você nunca se esquecerá.

- Talvez seja...

- Mas é, Minha querida.

- Admita, mãe, este é teu diário, não é mesmo?

- Se fosse um diário estaria escondido e certamente não estaria ao alcance de qualquer pessoa.

- Confesse, então, você escreveu isso para o meu pai?

- Não, não escrevi para ele, escrevi em homenagem a ele, pois ele me fez voltar a sonhar e isso eu jamais poderia retribuir a não ser com a minha história que é a coisa que mais me perturbava na época em que eu me escondia dele nas minhas palavras.

- Sabe, tenho inveja do meu pai, pois em poucas linhas você ofertou sua história a ele como quem oferta uma moeda a igreja.

- Não fale em dinheiro ou religião para citar o amor, pois estes são divergentes e nunca chegaram em comum acordo. Agora, pegue sua mochila e boa aula, minha querida.

- Obrigada, mãe, e até logo.

A garota pega a mochila e sai em direção a sua escola, enquanto sua mãe, suave e calma a observa da janela a sumir na esquina.

O marido acorda e a vê encostada na janela com um olhar já muito conhecido por ele. Caminha em direção a ela, a abraça por trás e diz :

- No que esta pensando querida?

- Naquele velho fragmento poético que dizia: “ Todo encontro deixa sempre uma marca”.

- Acabo de ver a nossa virando a esquina.

O marido sorri, os dois se beijam , fecham a janela e vão viver.

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