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quinta-feira, maio 03, 2012

Outono


Outono...
Sinto o vento gelado batendo em meu rosto enquanto permaneço inerte em minha cama, ao meu lado observo o doce sono do meu filho desejando que seus sonhos sejam belos, uma vez que o mundo lhe é tão feio por vezes.
Quanto a ti, sei que uma hora dessas esta em sua cama dormindo tranquilamente, enquanto eu fria escrevo pela madrugada sentindo apenas uma coisa quente em meu peito: revolta. Revolta de quem luta muitas vezes sozinhas de quem por vezes se sente fraca quando a pergunta de um pequeno ser não tem resposta, quando sei que tenho que dividir o que eu tenho de mais bonito em mim com quem merecia apenas meu esquecimento, nada além.
Quais os reais deveres de uma criança? Acaso crianças deveriam se sentir responsáveis por algo? O medo e a fraqueza dos adultos, por vezes faz com que as crianças tenham que se tornar fortes para enfrentar o mundo de perguntas sem respostas e preencher o vazio que cresce em suas almas ao passar do tempo
Meu filho esta aprendendo não somente a ler palavras, ele também esta aprendendo a ler o mundo, a questionar. E eu na minha lucidez nada sutil sempre soube que não conseguiria fazer tudo sozinha para sempre, contudo me abster desses sentimentos de fraqueza ou mesmo tentar deixar que outros fizessem tudo no meu lugar para que eu não tivesse que estar aqui parada sentindo no frio da madrugada minhas quentes lágrimas que caladas apenas correm pelo rosto em meio a um choro mudo e solitário, tudo isso não faria parte de mim e muito menos combinariam com a mulher que hoje sou e com tudo o que tento ser.
Sei que sou forte, nunca duvidei de mim, mas ser responsável o tempo todo cansa, não ter resposta cansa, admirar os olhos tristes de uma criança nova envelhecida pela vida só me faz perceber que por mais que eu tente e consiga crescer nunca vou ser tudo o que meu filho precisa.
Inevitável pensar: E SE ESTIVESSE NO MEU LUGAR? Hoje sei que nunca estaria no meu lugar, pois tuas fraquezas conseguem anular tudo o que um dia consegui ver de bom em ti. Não tens forças,atitudes, nem mesmo sonhos que costuma tanto citar, tudo o que tem é egoismo e alucinações, pois quem sonha quando se aproxima da concretização de algum sonho não foge, não desiste, vai até o fim para ter novos sonhos e poder, no fim da vida se sentir completo de algum jeito.
Agradeço a vida e ao destino por não mais me sentir tão sozinha na vida, por saber que posso contar com a força de um sincero abraço sempre que eu precisar. Mas nesse momento, nesse vento, com esse choro mudo tudo o que eu consigo pensar são em formas de fazer meu pequeno crescer sabendo de apenas uma coisa: nunca teremos resposta para tudo, os sentimentos ruins como vazio e solidão são inevitáveis de se sentir, assim como o tempo precisa dessas frias estações para na frente florir, por vezes sentiremos dor que um dia vai se transformar em doce sorrisos.
Mas só por hoje, o frio de outono vai me fazer chorar sozinha, pois a natureza ainda não conseguiu criar uma mãe forte que consiga suportar o peso de um olhar triste vindo de olhos tão pequenos e belos. Ao contrário do que imaginavas, meu mundo nunca foi cinzento, antes sempre será dourado e verde assim como a cor desses meus olhos que um dia ofertaram tanta beleza e ganharam tantas manchas de tristeza ao seu redor.
Vou chorar até a dor passar para amanhã acordar em um novo dia onde meu sorriso e meus abraços vão estar renovados para aconchegar meu filho tentando apenas dizer: NÃO IMPORTA O QUE ACONTEÇA, EU SEMPRE ESTAREI COM VOCÊ.

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