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sábado, abril 05, 2008

Invisivel

- Quando as pessoas passam por você e não te enxergam o que você faz?

- Normalmente olho pra frente e continuo a andar.

- Pois você deveria gritar com elas, não há nesse mundo pesadelo maior do que o de ser e não existir.

- Filosofia de boteco.

- Não diria isso, apenas creio na importância de se importar.

- Nem todos valem a pena.

- Mas como saber se não valem a pena se desconhecemos o que está a nossa frente?

- Bobagem, eu vou embora.



Em seu coração a enfermeira pensava: Morra sozinho, velho miserável e senil.

Foi até o vestiário, tirou seu uniforme, colocou uma bela roupa e caminhou em direção a saída, não via a hora de voltar ao mundo que vale a pena.

Quando estava indo em direção ao ponto notou que o ônibus que deveria pegar vinha vindo, começou a correr, chegou a tempo de dar o sinal, porém o ônibus continuo seu trajeto sem se importar.

- Motorista cretino, agora tenho que esperar.

Esperou o segundo, o terceiro, o quarto, vários ônibus fizeram a mesma coisa com ela, tanto que não mais suportando a situação, começou a caminhar, decidiu que iria andando até certo ponto, depois pegaria um outro ônibus com sorte.

Fazia uma tarde bonita aquele dia, não seria dificil a caminhada. Admirou por um instante um passaro que cantava livre em um árvore, passou por um rapaz bonito que lia sentado num banco de praça tento sorrir ao moço, mas distraido ele não percebeu sua presença.

- Realmente, não estou com sorte hoje

Coisa mais estranha, de repente, ela notou que andava no meio de uma multidão imensa que parecia ultrapassar seu corpo, pois eles passavam por ela com quem atravessa uma barreira de poeira. Neste momento ela começou a entrar em desespero, pulava, cantava, tentava esbarrar nas pessoas que não a viam.

Um desespero imenso tomou conta do seu ser, a mulher,lembando-se do velho, olhou para o céu e deu um grito, neste momento não notara que estava no meio da rua e que um carro se aproximava. Só deu tempo de fechar os olhos e entregar-se ao destino.

Acordou dois meses depois, completamente sozinha, na UTI de um hospital, com raras visitas de uma enfermeira impaciente.

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