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terça-feira, março 03, 2015

Bebida Quente

Existem várias pessoas que tentam definir o amor e sua essência, tentam estudar e dissertar acerca de um sentimento tão complexo e inexplicável como é este. Há quem o compare com um fogo intenso que arde sem que possamos ver, outros que encontram o amor em linhas paralelas que se cruzam no fim do caminho onde o destino sempre faz com que se encontrem...
Eu tenho apenas uma palavra para definir o que sinto por ti, meu amor é como bebida quente, dessas que a gente toma num dia frio e que parece esquentar todo o nosso corpo, aquela que aquece os meus lábios, invade o meu corpo e faz com que  mesmo um dia ruim se transforme em um bom momento depois que encontro você.
És confortável e confiável , um momento de alegria como a hora do café, um calor que invade o meu corpo deixando-o febril mesmo sem doença Estar longe de ti para mim é como tomar chá gelado no inverno, sem sentido ou conforto meu ser se vê vazio sempre que estou sem teu carinho e tua presença para me confortar.
Minha bebida quente, meu momento de paz, para mim nosso amor e simples desse jeito, por isso cresce no peito cada dia mais, porque na simplicidade de nossas horas é que encontrei a paz para enfrentar a vida com suas pequenas batalhas e rotinas. 

Sangue Guerreiro - Um conto de amor Mandaloriano

À meu companheiro Vlademir


Porque quando a vida limita suas escolhas a única saída digna que se tem é lutar...
Corria desesperada em meio a floresta, queria fugir para longe daquele lugar onde era tratada como mera carne que satisfazia os desejos alheios. Ela não tinha mais identidade, não tinha nome, apenas a missão de dançar e encantar seu senhor e a quem ele quisesse lhe emprestar.
Fazia uma semana que havia conseguido fugir daquele covil, utilizando como arma sua sensualidade, seduziu um piloto e prometendo que seria sua conseguiu roubar sua nave e fugir para longe.
- Não me orgulho de ter tirado a vida dele tão facilmente, mas também não me arrependo de fazer algo por mim, lembrando que eu também sou alguém.
Aquela altura, os servos de seu senhor já estavam atrás dela, que acabou caindo naquele estranho planeta da Orla Exterior, queria muito fugir, tinha apenas em sua mente o desejo de sobrevivência e a vontade de voltar a pertencer a si mesma. Mas sua força estava se esgotando, a corrida sem rumo fez com que suas pernas, já cansadas, ficassem cheias de arranhões, o sangue escorria de suas feridas, as pernas tremiam e ela insistia em não desistir daquela empreitada maluca, afinal, se não lutasse seu único destino seria a morte, e mais do que nunca tudo o que ela queria era viver para experimentar a sensação de ser livre.
Esbarrou em um galho e caiu exausta ao chão, os guardas de seu senhor chegaram até ela, tudo o que ela pode fazer foi fechar os olhos e esperar por sua execução.
- Ao menos morrerei livre.
Foi então que ouviu o tiro, um disparo por entre as árvores, um dos guardas caiu imediatamente ao chão, o outro tentou avançar nela segurando-a pelos braços, ela se debatia e o mordeu, levou um soco no estomago e caiu, ouviu mais um tirou, dois tiros enquanto caia no chão. E, de repente, tudo se fez silêncio.
Quando acordou estava dentro de uma caverna, seu corpo antes quase nu  estava devidamente coberto por uma capa. Ficou assustada quando ao limpar os olhos na tentativa de ver direito, viu um vulto caminhando em sua direção. Era tão alto e forte que tudo que ela pode fazer foi esperar pelo pior. Olhou a sua volta, viu um punhal que fora posto em seu lado, o pegou nas mãos e gritou.
- Não se aproxime, ou eu acabo com você, eu posso até morrer junto, mas te levarei comigo.
Só o que pode ouvir foi uma risada alta, era como se ela tivesse contado uma piada. Mesmo se sentindo dolorida, com as pernas tremulas ela levantou e continuou apontando o punhal para a figura que caminhava ao seu encontrou. Ele então parou a uma curta distância dela, tirou seu capacete e disse.
- Acalme-se, vocês esta sem força, não conseguiria me ferir nem que tentasse muito. Ès tão forte como um verdi’ka em treinamento, não conseguiria me fazer mal algum.
Mesmo assim ela correu em sua direção e tentou ataca-lo.
-Não me ofenda, conheço teu povo vendido, não vais me devolver por dinheiro nenhum aquele monstro novamente, seu ordinário sem princípios, mercenário lacaio do inferno.
- Mais quem disse que eu vou te vender? Essa não é a minha missão. Logo não tenho nada haver com isso. Estava apenas concertando a minha nave para voltar para o meu planeta quando resolvi te ajudar porque lhe achei interessante. Consegue compreender que eu realmente só estou lhe ajudando ou já se tornou um animal como o seu senhor?
Falando isso segurou rápido em suas mãos, derrubou ela no chão imobilizando-a com cuidado de não feri-la, tamanho era seu estado físico de desgaste. Aos poucos ela se acalmou, encostou o rosto no peito do homem e começou a chorar. Ele sem saber o que fazer apenas a apertou em seus braços enquanto acariciava seus cabelos.
Aos poucos ela foi se acalmando, a sensação de estar nos braços de alguém que tentava lhe confortar parecia estranha, não sentia aquela sensação desde o dia em que se separou de sua mãe que a apertou forte nos braços enquanto a levavam embora, pois fora vendida por seu pai para pagar uma divida de jogo. Desde então ela jurou que nunca mais usaria seu nome visto que se envergonhava de saber que aquele monstro era o seu pai.
Depois de algumas horas nos braços do homem que diante da ação da mulher se manteve em um misto de embaraço e encanto, ela se afastou envergonhada com sua atitude infantil. O homem lhe sorriu um sorriso largo e disse:
- Sou Jurir, e qual seria o seu nome?
- Eu não tenho nome.
- Como assim não tem nome? Devem te chamar por algum nome, qual seria?
- Pouco importa, eu sou uma escrava, só vivo para dançar e encantar os olhos alheios, não tenho direito a um nome, sirvo apenas para dar prazer momentâneo.
- Mas nasceu escrava? Antes disso nunca te chamaram por nenhum nome.
Ela pensou em sua mãe, lembrou de seu passado e de cabeça baixa disse apenas:
- Brile
- Brile? Nome interessante, mais um pouco pequeno.
- Tenho nojo do meu outro nome, prefiro apenas esse que me trás alguma recordação e não acho que preciso de outro.
- Entendo. Bom, apresentações feitas, sugiro que você se cubra novamente, a noite esta chegando e vai esfriar muito por aqui. Vou procurar algo para comermos. Não tenha medo, comigo estará segura e vai demorar ainda alguns dias até que venham atrás de você novamente.
Colocou o capacete e saiu da caverna rapidamente, deixando-a para trás.
Ela ficou olhando na direção em que ele se foi e pensando no que faria com a sua vida a partir daquele momento. Lembrou-se de como aquele estranho havia resgatado ela tão facilmente, se sentiu tão fraca, desejou ser como ele, ter a força dele, quem sabe a vida não lhe seria mais leve. Pensou por tanto tempo que acabou adormecendo novamente.
Acordou com os primeiros raios de sol batendo em seu rosto, olhou em volta e notou que o homem dormia ao seu lado, ficou sentada e observou o espaço por mais tempo, notou que ele havia trago um pouco de comida e resolveu preparar uma boa refeição como recompensa antes de ir embora.
Jurir acordou com um cheiro tão bom, não sabia bem dizer o que era, só sabia que há muito tempo não sentia tanta fome como que o aroma despertou nele. Foi para frente da entrada da caverna e encontrou a moça mexendo no fogo. Era realmente uma mulher muito bonita, suas pernas expostas chamavam muito atenção, tanto que ele sentiu o rosto avermelhado ao perceber que olhava com desejo para ela
- Bom dia. – disse ela com o sorriso.
- Bom dia. – respondeu com a cabeça baixa
 - Não sabia que existiam mandalorianos tímidos.
- E eu não sabia que você conhecia meu povo[l1] .
- Minha mãe contava histórias sobre um povo onde homens e mulheres eram  todos guerreiros e iguais onde a honra e a superação dos medos ajudava a formar um verdadeiro espírito guerreiro.
- Sua mãe conhecia Mandalor?
- Não, apenas foi apaixonada por um de seu povo, pena que quando o pai dela descobriu a vendeu para o meu pai que a tomou como esposa tamanha era sua beleza, por isso não me orgulho do meu nome.
- Entendo... Se o passado incomoda que ele não exista mais a partir de agora.
- Concordo com você. Vamos comer?
Os dois se sentaram para comer e enquanto comiam o homem olhou mais uma vez para mulher ainda seminua a sua frente e mais uma vez, envergonhado, lhe disse
- Você não gostaria que eu lhe emprestasse roupas, não ficaram bonitas, mas lhe deixaram mais confortável.
- Se tiver lhe agradeceria, já estava começando a ficar com frio.
Depois de comerem ele entrou na caverna e saiu com uma muda de roupas e deu nas mãos da mulher que correu para dentro da caverna para se trocar. Já estava quase totalmente vestida quando ouviu o som de luta vindo de fora. Jurir havia sido atacado por muitos homens de seu senhor e o levavam para uma nave.
O medo tomou conta dela, por um minuto sentiu vontade de ficar escondida para sempre naquela caverna e deixar o homem a própria sorte,mas ela o havia envolvido nisso, ele a ajudou sem precisar, logo, quem ela seria se o deixasse morrer. Sabia que não possuía a força e nem o treinamento dele, mesmo assim optou por não deixar com que ele morresse sozinho. Sua vida sempre valeu muito pouco, ao menos agora poderia morrer com dignidade.
Pegou o punhal que o homem tinha deixado ao seu lado e correu se escondendo em meio a mata com o objetivo de resgatar o seu salvador. Perto de uma clareira, duas naves estavam pousadas, uma ela já conhecia muito bem, era a que pertencia aos homens de seu senhor, a outra, certamente deveria ser a de Jurir.
Ficou por algumas horas tremendo e imaginando como poderia agir, até que viu dois homens saírem da nave desconhecida com Jurir , o amarraram em uma árvore e  entraram novamente para dentro da nave.
Nesse momento ela tentou se aproximar e soltar Jurir, pena que ela não notou que um dos homens se aproxima dela, quando sentiu alguém puxar seu braço teve tanta raiva que puxou o punhal e cortou a mão do homem que caiu gritando. Mau o infeliz havia caído, ela investiu o punhal três vezes contra seu peito.
O barulho fez com que, tantos os homens que estavão na nave mandaloriana como três que estavam na outra saíssem correndo na direção da floresta. Brile, correu na direção oposta do corpo e subiu no alto da copa de uma árvore para se defender, as lagrimas escorriam por Jurir, mas ela não temia sua morte, ao contrário sempre a desejou.
Quando a localizaram e iam atirar ela fechou os olhos esperando por seu fim, mas ao contrário do que pensava não encontrou sua morte..
- Mas como?
- Um mandaloriano nunca esta desarmado se tem sua armadura, além do mais eu só me deixei capturar para roubar as peças que faltavam para a minha nave. Venha, desça dessa arvore agora.
Pousou com a mulher em frente aos cinco homens  que o olhavam com ar de espanto, sendo que um deles gritava de dor pelo tiro que havia levado em sua mão. Olhou para mulher, estendeu o punhal novamente e disse:
- Agora vamos acabar com tudo isso.
Lutar ao lado dele, ver ele matando aqueles canalhas enquanto ela se defendia com o punhal, estar ao lado dele, em meio aquele caos, se sentia forte como nunca. Era como se os dois fizessem uma dança magnífica, era como se fizessem amor em meio ao caos.
E foi assim que Brile descobriu que queria ser forte como aquele homem, que queria pertencer aquele homem de todas as formas que deveriam pertencer um ao outro.
Passada a batalha, com todos os homens mortos ela lhe falou:
- Me ensina a ser como você? Sei que nunca vou ter o sangue de guerreira, mas não quero sentir mais medo, quero viver esses momentos de batalha e caos que parecem que me trouxeram sentido a vida. Me deixa ser sua?
Ele olhou bem em seus olhos, pegou em suas mãos e disse:
Repita comigo:
- Mhi solus tome. 
- Mhi solus tome. 
- mhi solus dar'tome, 
- mhi solus dar'tome, 
- mhi me'dinui an, 
- mhi me'dinui an, 
- mhi ba'juri verde.
- mhi ba'juri verde.
- O que isso quer dizer, Jurir?
- Que agora você é minha mulher, nos somos um só e te levarei comigo para que possas aprender a minha cultura, conhecer meu clã e completar a cerimônia de nossa união.
E foi assim que Brile se tornou uma Shev´la, uma das espiãs mais fortes e frias do clã e uma das mais honradas guerreiras que sempre cumpria suas missões e trazia consigo troféus para oferecer aos seus filhos enquanto lhes contava histórias sobre suas missões.





 [l1]