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quarta-feira, maio 28, 2014

Meu Corpo

Se você olha uma foto do meu rosto e fica tentando imaginar como seriam as curvas do meu corpo, fique tranquilo, pois eu posso lhe contar, esse corpo que você tanto insiste em desejar é todo e exclusivamente meu, por isso eu me dou ao luxo de preserva-lo.
Tenho curvas femininas como as de qualquer mulher, em cada curva uma história que fala um pouco do caminho que até hoje percorri. As manchas  na cintura são minhas tatuagens, marcas de vida dadas pelos meus filhos que vieram ao mundo naturalmente me fazendo mais feminina e mulher. Meus seios pequenos, maduros pela idade, sempre firmes, como herança que trago na cor da pele morena, que cuido como jóia, pois nela vive minha identindade. Quadril largo, sempre bem escondido com roupas sóbrias e confortáveis, pois meu corpo não nasceu para ser exposto, nasceu para ser lido em braire, por dedos firmes daquele com quem escolhi viver e me entregar.Com ele divido a beleza que existe e pertence a mim.
Uma mulher não precisa menos do que seu rosto para se apresentar, para que as pessoas possam reconhece-la, a mesma mulher tem o direito de preservar seu corpo, pois não é bonita apenas a triste menina que mostra os seios ou suas curvas e esquece do seu rosto, o que dá a beleza a uma mulher é a certeza de saber quem ela é, tendo a coragem de se apresentar ao mundo como um ser dotado de inteligência e delizadeza, pois as curvas, o corpo, a sedução, são todos artificios que fazem parte do nosso ser, mas que não devem ser vulgarizados em prol dos desejos alheios.
Você, homem, que deseja saber como é meu corpo, fique nu em frente ao espelho, ou mostre o seu publicamente, pois só assim eu irei acreditar na normalidade do desejo pelas minhas curvas que nunca ão de ser publicas, ou tuas.


A Culpa

Não, não adianta me dizer que eu tenho que esquecer e seguir em frente. Tem coisas que marcam tanto a gente e tudo que conseguimos fazer é encarar para sobreviver.
Carrego em mim a dor de não pertencer mais a mim mesma, minha alma, pureza, tudo  me  foi roubado e nem o tempo vai poder me trazer de volta. 
Em pensar que tudo o que consigo me lembrar é da voz me falando: - A culpa é sua...
Realmente, a culpa é minha, por  não ter gritado no escuro, ter chorado mais alto, não ter o corpo desejavél, todas culpas minhas que, por vezes, no escuro da noite retornam a minha cabeça me fazendo gemer enquanto durmo, um barulho que não carrega nenhum prazer, apenas a escuridão de feridas sempre vivas me marcando. Não importa o tempo que vai passar isso é o que eu sou e a culpa é minha.
Muitas mulheres já me falaram: - A culpa não é sua, isso foi uma violência. 
Dizem que ser feminista é uma besteira, que são todas reclamações infundadas vindas de mulheres insatisfeitas com o mundo porque não possuem seu próprio homem... Realmente, nunca vou me dar o direito de ser tão idiota quanto um homem dos mais machistas, pois isso não é feminismo . Contudo sempre me darei ao direito de lutar pelos direitos de, ao menos na hora da minha morte, abandonar meus pensamentos masculinos, segurar nas mãos da menina de 16 anos encolhida no chão, enxugar suas lágrimas e dizer: 
- A culpa não é sua, enxugue os olhos e vá crescer.